Jogada de mestre e uma nova adoração |
No
último domingo, centenas de igrejas na América do Norte “comemoraram” o
aniversário de Charles Darwin num evento conhecido como “Final de semana da
evolução”. Desde 2006, um grupo crescente de líderes evangélicos tem se unido
ao movimento que defende a “verdade” do evolucionismo e divulga que o relato de
Gênesis 1 e 2 é meramente uma “fabula”. A lista conta com mais de 13.000
pastores que subscrevem ao movimento “Carta do clero”, onde eles apoiam que
seja ensinado do púlpito de suas igrejas que “ciência e fé podem conviver”. São
membros de centenas de denominações, incluindo batista, luterana, metodista,
unitariana, episcopal e presbiteriana. Incomodado com o que considera uma
“afronta à Bíblia”, o pastor Tony Breeden fundou em 2009 um movimento para
resgatar o ensino do criacionismo nas igrejas. Batizado de “Carta da criação”,
ele não tem recebido muito apoio. Mesmo
assim, divulga a ideia de que as igrejas que defendem a Bíblia como Palavra de
Deus inerrante [sic] promovam um “Domingo da Criação”, onde reafirmem a
interpretação literal das Escrituras, que mostra Deus como o Autor de toda a
criação.
Em
entrevista ao site Christian News Network, Breeden explica que tem recebido o
apoio de ministérios apologéticos, incluindo Living Waters, Answers in Genesis
e Creation Ministries International. Explica também que muitos pastores evitam
pregar sobre o criacionismo, alegando que isso causa “divisões” na congregação.
Não só a evolução é incompatível com a Bíblia, Breeden argumenta, como também
leva muitas pessoas a se afastar da fé cristã. Para ele, essa é a única divisão
que pode ocorrer.
“O
naturalismo é uma ferramenta útil para a investigação do mundo e tudo que nele
existe, mas suas conclusões precisam ser contrastadas com a revelação infalível
da palavra de Deus”, dispara.
Em
seu site, ele apresenta estatísticas mostrando que um número crescente de
pessoas abandona a igreja quando começa a questionar a veracidade das
Escrituras desde o seu início [Gênesis]. Segundo Breeden, cerca de 70% dos
jovens cristãos acabam se desviando após “adotar” o evolucionismo como verdade.
Nota:
O último parágrafo do texto acima mostra a consequência de se adotar o
evolucionismo como explicação para as origens, e deixa claro também a que (e a
quem) se presta essa filosofia. Filosofia? Sim, filosofia. De acordo com meu amigo
astrofísico Eduardo Lutz, o evolucionismo não é científico, no sentido estrito.
“Está mais para um framework
filosófico que inspira modelos. E a maioria desses modelos é qualitativa,
diga-se de passagem. Ou seja, também não rigorosa. Um grande problema é que na
divulgação tudo parece a mesma coisa: tudo é qualitativo e frequentemente com
viés filosófico terrível. Não há como saber o que é e o que não é verdadeira
ciência sem ir às fontes originais e conferir”, explica ele. E aqui os
religiosos evolucionistas (ou evolucionistas teístas) cometem o grande erro de
pensar que evolucionismo é sinônimo de ciência. Mas não é. Há muito de
filosofia naturalista no modelo evolutivo, assim como há teologia bíblica no
criacionismo bíblico. Mas acontece que os religiosos que abandonam o relato da
criação em Gênesis por considerá-lo mitológico estão abandonando uma “mitologia”
(assim eles pensam) para abraçar outra que os leva para longe do Criador.
É
impossível deixar de perceber a jogada de mestre do inimigo de Deus: primeiro
ele promoveu uma versão alternativa para as origens e que dispensa Deus (por
mais que os religiosos liberais tentem colocá-Lo na equação); deu-a de presente
para os ateus e, depois, trouxe-a para as igrejas, conseguindo, assim, solapar
o fundamento das Escrituras e a base teológica de toda a Bíblia. Conseguiu,
finalmente, misturar água e óleo.
E
o que fazem outros religiosos tentando salvar o que restou de cristianismo
criacionista? Escolhem o domingo para celebrar a criação! Está todo mundo
louco?! Que confusão é essa?! O único dia bíblico que comemora a criação do
mundo em seis dias é o sétimo, estabelecido pelo próprio Criador lá no começo
(Gn 2:1-3), ratificado em tábuas de pedra escritas pelo dedo dEle (Êx 20:8-11) e observado por Jesus (Lc 4:16). Deus nos manda guardar o sábado justamente porque “em seis
dias fez o Senhor os céus e a terra”.
Enquanto
os cristãos não retornarem definitiva e consistentemente à Bíblia, tudo o que
veremos neste mundo é incoerência e confusão religiosa/teológica. E uma multidão abandonando
a igreja, Deus e o bom senso. [MB]