Que consolo é esse? |
Recentemente,
como é de costume, uma declaração do famoso físico britânico Stephen Hawking
ganhou a mídia e repercutiu mundo afora. Mas, desta vez, o assunto não foi
buracos negros nem teorias mirabolantes sobre multiversos. O tema foi bem mais
corriqueiro e comezinho: depressão. Na verdade, Hawking, que vive confinado a
uma cadeira de rodas há décadas por conta de uma doença neurológica
degenerativa, deu conselhos para pessoas que sofrem com depressão. Depois de
falar sobre buracos negros, o cientista comparou a depressão a esses corpos, destacando
que, não importa o quanto eles sejam escuros, não é impossível escapar deles. Hawking
disse o seguinte: “A mensagem desta palestra é que os buracos negros não são
tão negros quanto parecem. Eles não são as prisões eternas que pensávamos. As
coisas conseguem escapar para fora de buracos negros e possivelmente para outro
universo. Então, se você se sentir dentro de um buraco negro, não desista – há
uma saída.”
Sinceramente,
não vejo muita esperança nem consolo em pensar que, se existe saída de buracos
negros, haverá também saída para os buracos negros da minha vida.
Há
duas semanas, participei em Orlando, na Flórida, de um evento de saúde
promovido pela Igreja Adventista mundial. O tema de estudo neste ano foi saúde emocional.
Vários especialistas renomados nessa área apresentaram suas pesquisas. Entre
esses pesquisadores, estava Harold Koenig, estudioso da relação entre
espiritualidade e saúde. Koenig trabalha na Universidade Duke e apresentou
várias evidências científicas atuais dos efeitos positivos de uma vida
espiritual relevante sobre a saúde, e destacou os últimos avanços dos estudos
neurofuncionais nessa área. Ele mostrou que religiosos têm telômeros mais
longos, e depois me explicou que isso se deve ao fato de o envolvimento religioso
reduzir o estresse que, por sua vez, é o fator que promove o encurtamento dos
telômeros, reduzindo a longevidade. Resumindo: pessoas religiosas, que têm uma
religiosidade sadia, vivem mais e melhor.
Koenig
também me disse que as crenças religiosas ajudam a reduzir o estresse
psicológico que provoca dor, por isso são mais esperançosas e otimistas. E
apresentou números interessantes como evidência de suas afirmações: pessoas religiosas
vivem uma média de 7 a 14 anos a mais.
Outro
palestrante que desenvolve pesquisas sérias na área da saúde emocional é o Dr. Francisco
Ramirez, médico especialista em estilo de vida com vários artigos científicos
publicados. Ele me disse em entrevista que o estilo de vida insalubre tem levado
muitas pessoas à depressão. Falta de exercício físico, descanso insuficiente,
privação da luz solar, alimentação inadequada foram itens apontados por ela
para a causa de muitos casos de depressão.
O
médico Marcello Niek Leal, líder da área de Saúde da Igreja Adventista na
América do Sul arrematou o assunto ao meu dizer que, “para ter uma boa saúde
emocional, devemos experimentar uma visão integrada da saúde, equilibrando as
dimensões física, mental e espiritual, criando uma cadeia retroalimentável de
hábitos saudáveis que fortalecem o corpo, desenvolvem a mente e trazem paz ao
espírito”.
Como já disse em outra postagem, a verdadeira religião tem que ver com a “religação” com Deus e uma vida
harmoniosa em quatro áreas básicas: espiritual, mental, física e social. A base
da religião de Cristo é o amor a Deus e ao próximo, o que sintetiza os Dez
Mandamentos. Quando vivemos a verdadeira religião bíblica, com seu foco na
graça, no perdão e na obediência nascida do amor, a saúde mental e física é uma
consequência natural. Os cientistas ainda não sabem exatamente por que a
religião traz saúde. Simples: porque fomos criados para crer. Negar essa
dimensão humana é convidar a doença.
Pena
que Hawking não reconheça isso.
Michelson Borges