Nasci
no ano de 1972, em plena Guerra Fria. À medida que fui me entendendo como gente
e compreendendo um pouco o mundo complexo que me rodeava, uma sensação de medo
passou a tomar conta de mim. Na verdade, minha geração foi marcada por essa
sensação, pois vivíamos sob a sombra ameaçadora de um cataclismo nuclear. As
duas superpotências de então, Estados Unidos e União Soviética, estavam armadas
até os dentes com ogivas nucleares capazes de destruir toda a vida na Terra. Filmes
e documentários ajudavam a alimentar esse clima descrevendo os horrores de uma
detonação nuclear. Com a idade de uns 12 anos, formei um grupo de estudos e nos
reuníamos na biblioteca da escola para estudar livros e revistas sobre bombas
nucleares, geopolítica mundial e... a Bíblia. Sim, nós queríamos saber o que
nos reservava o futuro; se havia esperança para a humanidade. É claro que, sem
ajuda e sem conhecimentos prévios de interpretação profética, chegamos a
conclusões as mais absurdas. Mas queríamos, do fundo do coração, entender as
profecias; encontrar segurança em algo. (Clique aqui para saber mais sobre essa
história.)
Assistir
ao ótimo filme Ponte dos Espiões foi,
para mim, quase que uma viagem ao passado. Trata-se de uma produção bem feita,
de um Steven Spielberg em boa forma e em uma temática que sempre o fascinou. A
interpretação impecável do consagrado Tom Hanks ajuda e muito. O filme dispensa
efeitos especiais e as cenas apelativas comuns em Hollywood, usadas para
alavancar bilheterias. Assim, não se veem ali cenas de sensualismo, sexo nem
violência. O filme não precisa desses “estimulantes” clássicos e cada vez mais
utilizados. Não precisa de “pimenta”, pois o roteiro bem escrito, os diálogos
precisos, o drama na medida certa e as boas interpretações seguram o interesse
do começo ao fim. A família retratada no filme é tradicional, nos moldes
bíblicos, eu diria, ou seja, um pai (homem), uma mãe (mulher) e filhos. E eles
até oram antes das refeições.
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