Se
você nasceu nos anos 1990, este artigo é especialmente para você. Para quem
nasceu antes e se maravilhou com o fantástico mundo de Hogwarts, esta leitura
também interessa. E para você que já está achando tudo isso papo de “gente
velha”, mas tem se interessado pela saga do “menino que sobreviveu” ou do “menino
amaldiçoado”, recomendo-lhe fortemente este texto. Você não está prestes a ler
um artigo de alguém que condena os livros de Harry Potter sem nunca os ter lido,
mas, sim, de uma pessoa que leu todos
os livros (várias vezes), assistiu a todos os filmes e ainda tinha duas
coleções deles, uma em português e uma em inglês. Portanto, não se trata de
críticas com base em sites ou impressões de terceiros. O que vou descrever aqui
tem relação com os efeitos e as impressões que esse conteúdo todo teve sobre
mim.
O
pequeno Harry James Potter foi concebido, literariamente falando, por sua mãe,
Joanne Kathleen Rowling, durante uma viagem entre Manchester e King’s Cross – a
famosa estação de trem que inicia e termina toda a história. Existem vários
comentários de Rowling sobre o modo de concepção da história, e também
comentários de caráter conspiratório acerca disso. Minhas impressões cristãs,
sem considerar nenhum site ao estilo sensacionalista, é de que realmente
Rowling teve influências sobrenaturais para a criação de Harry Potter, levando
em conta a própria admissão dela de que “ouvia” os diálogos que escreveu nos
livros, e que “via” as cenas como reais. Não haveria nenhum mal nisso, caso não
admitíssemos que o Espírito Santo usa nossas capacidades mentais para repassar
mensagens às pessoas: como no caso de Moisés que, ao confidenciar a Deus sua
incapacidade com a fala, obteve a resposta: “Vai, pois, agora, e Eu serei a tua
boca e te ensinarei o que hás de falar” (Êxodo 4:12). A Jeremias, aos
discípulos e apóstolos, e, posteriormente, a nós mesmos, quando estamos em
grande dúvida sobre algum assunto ou a discorrer sobre algo celestial, o
Espírito Santo fala pela nossa boca, nossos pensamentos e ações. Assim também ocorre
com as pessoas que se abrem aos “espíritos de luz” (Lúcifer e seus anjos – mas
esse é um assunto que você pode encontrar em outros posts): recebem orientação maligna para conselhos e, no caso que
estamos tratando aqui, para uma obra grandiosa que conseguiria levar muitos
para longe de Deus (muitos!), como creio pessoalmente ser o caso.
Passando
a parte da concepção do livro, já se vê que não há de ser boa coisa. Mas eu não
pensava assim na época, e por isso a cada nova aventura de Harry, Ron e
Hermione, os livros pareciam me levar realmente para dentro daquele mundo
mágico. Aos 11 anos, já tendo lido o primeiro livro algumas vezes (mais de
cinco vezes), esperei a carta da Escola de Hogwarts e fiquei frustrada porque
eu “não era especial”. Pode parecer uma coisa besta, mas como a história nos
conta a trajetória de um menino simpático, que sofria perseguições nas mãos dos
tios, vivia mal e tinha uma vida simples sem saber que era especial, toda
criança ou pré-adolescente, em uma fase que já é conhecida pela confusão
interna devido às mudanças físicas e hormonais, deseja viver uma grande
aventura e ser especial como ninguém mais seria. Portanto, casamento perfeito!
Mesmo não tendo recebido a tal carta, ouvi relatos impressionantes de outras
crianças que se jogavam dos telhados de casa montados em vassouras, e outros
ainda com transtornos sérios acreditando ser o próprio Harry ou ser um dos
amigos ou inimigos de Hogwarts.
Mas,
obviamente, ainda não seria motivo suficiente para queimar todos os livros. Ao
longo dos anos, e com o lançamento dos demais volumes, os fãs de Harry Potter
tiveram experiências com os mais fantásticos seres do mundo sobrenatural:
centauros, elfos, lobisomens, hipogrifos e mais uma vasta variedade de seres.
Somando-se a isso os lugares visitados por Harry: uma câmara secreta, o
transporte rápido (aparatar ou pó de flu), um beco diagonal onde se pode
comprar desde varinhas a caldeirões, e outros lugares não tão legais assim,
como um cemitério em que ocorre um ritual de magia negra explícito, com o
sangue do próprio protagonista – tudo isso acabaria por tornar nosso mundo, o
real, aparentemente sem graça.
E
esse problema acima, embora pareça inocente, tem causado sérios problemas
psicológicos, como:
Desprezo pelo mundo real.
Como
a criança, o jovem e o adulto são constantemente estimulados pelas mais
excitantes cenas sobrenaturais no livro, o mundo comum parece algo realmente
sem graça. E não é para menos: a autora não ajuda em nada, chamando a nós (sim,
todos nós, seres humanos, pois ninguém tem varinhas que lavam louças
magicamente) de trouxas. Isso mesmo!
Os trouxões! A Bíblia deixa claro que Deus deu Seu Filho, do reino celestial,
para morrer por cada um de nós, como seres superespeciais. Ou você realmente
crê que Jesus veio morrer apenas por uma classe especial de pessoas?
Infratores da lei.
Harry Potter e seus amigos dificilmente têm um dia comum na escola, como se
deve esperar de todo cidadão. Pelo contrário, seguir regras é algo extremamente
difícil para eles, que apesar de terem Hermione (que frequentemente os chama
para essa “responsa”), ela mesma acaba quebrando regras pelo “bem maior”, e no
fim eles sempre salvam o mundo bruxo de mais uma aparição de Voldemort. O pobre
e hostilizado professor Snape até cita esse fato em um dos livros, mas os
leitores estão sempre do lado do jovem Harry, acabam por “odiar” aquele que
chama para o que é correto.
Depressão. Como
consequência, ou como causa do item acima citado, até atividades comuns como
escola parecem desanimadoras. Imagine, depois de ler sobre uma das
estranhíssimas aulas de adivinhação, astronomia, trato das criaturas mágicas,
feitiço ou transformação, ter uma aula de m-a-t-e-m-á-t-i-c-a. É de chorar! Ou,
ao invés de um emprego na Ordem da Fênix (que trata de liquidar assuntos das
trevas), você tem que se sentar em seu escritório (que, aliás, não possui
quadros de pessoas que falam e se movem), e ter um dia normal de trabalho. Portanto,
a perda da felicidade nas coisas simples da vida se torna uma rotina para
leitores de Harry Potter.
Agora
gostaria de me voltar para o caráter antibíblico da saga, focando apenas em
alguns pontos, visto que poderia citar diversos, se me dignasse a ler os livros
mais uma vez ou assistir aos filmes, algo que definitivamente não pretendo
fazer. Vou fazer isso citando textos bíblicos e comparando-os com o livro:
Magia, bruxaria: Isso é
Hogwarts! Querido, cristão que é cristão não compactua com isso:
“Porque as obras da carne são
manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria,
feitiçaria, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como
já antes vos disse, que os que cometem
tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gálatas 5:19-21).
“Por causa da multidão dos pecados da meretriz
mui graciosa, da mestra das feitiçarias,
que vendeu as nações com as suas fornicações, e as famílias pelas suas
feitiçarias” (Naum 3:4).
“E exterminarei as feitiçarias da tua mão; e não terás adivinhadores” (Miqueias
5:12).
Analogia com Cristo e
Satanás – bem e mal. Aqui temos um mix indizível de simbolismos que tornam o bem uma parte do mal ou
vice-versa. Quer provas? Uma das horcruxes (pedaço da alma) de Voldemort
(vilão, malvado, ser destituído de sentimentos misericordiosos) encontra-se
dentro do próprio Harry, ou seja, ele pode ser bonzinho o quanto quiser, mas
esse ladinho mal está ali, guardado. Mais uma para a coleção: ele fala a língua
da serpente – no mínimo curioso ser uma serpente, mas com certeza é “coincidência”.
O
bem, representado pelo Harry, não obedece às leis (como já citado) e é tão
falível como qualquer outro ser humano. Não que ele tenha que ser Jesus, mas é
bem representado como alguém que irá salvar a humanidade bruxa, portanto, na
mente de todos compreende-se que Cristo poderia, sim, ter pecadinhos, pois isso
não diminuiria Seu sacrifício, o que é uma blasfêmia. Analogias servem para
nossa mente compreender coisas. Fazemos analogias para exemplificar e tornar
mais claros certos conceitos. E com essa não seria diferente. Não adianta dizer
que seu filho sabe que é tudo ficção...
Para
coroar, temos o gran finale a la Lúcifer,
com uma experiência quase morte (EQM). Você pode ler sobre isso em outros posts deste blog. Vamos analisar a
conversa que ele tem com Dumbledore (um mago, meio parecido com nossa imagem
mental de Deus, conselheiro e que “por coincidência” lhe dá a missão de
destruir o mal). Aliás, antes, falando sobre espiritismo, Harry vive tentando
falar com pessoas mortas, o que torna tudo “lindo”, pois ele tem contato com a
mãe Lilian, o pai Thiago, o pobre Cedrico Diggory (um sacrifício necessário
para o ritual do cemitério: jovem, virgem, puro de coração), Lupin, recém-morto
em batalha, Sirius Black, seu padrinho, enfim... Somando-se a esse fato, a
própria vida de Harry é profetizada por uma adivinhadora que consulta todo tipo
de instrumentos: borras de chá, bolas de cristal...
“Entre ti não se achará quem faça passar
pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador,
nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
nem encantador, nem quem consulte a um
espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo
aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o
Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti” (Deuteronômio 18:10-12).
Abaixo,
megaspoiler de Harry Potter e as Relíquias da Morte (7), quando Harry teoricamente
morre e vai para um lugar em que conversa então com seu mentor:
“–
Mas você está morto – disse Harry.
– Ah, sim – respondeu
Dumbledore, sem rodeios.
–
Então... eu estou morto também?
–
Ah – disse o diretor com um sorriso ainda maior. – Essa é a dúvida, não é? De
modo geral, meu caro rapaz, acho que não.
Eles
se encararam, o velho ainda sorrindo.
–
Não? – repetiu Harry.
–
Não.
–
Mas... – Harry levou instintivamente a mão à cicatriz em forma de raio.
Aparentemente sumira. – Mas eu deveria
ter morrido... não me defendi! Deliberadamente deixei que me matasse!
–
E isso, acho eu, terá feito toda a diferença.”
Em
poucos minutos de conversa, Harry, que se encontra em um lugar branco, de
extrema calmaria, começa a debater sua morte com Dumbledore. Os trechos em
negrito demonstram claramente a intensão “oculta” de sacrifício deliberado e,
sim, a conversa com um morto. Ou será que Rowling tentou hipoteticamente
representar uma conversa de Jesus com Deus após a morte do Filho?
“–
Mas se Voldemort usou aquela Maldição da Morte – recomeçou Harry –, e desta vez ninguém morreu por mim...
como posso estar vivo? [Referindo-se à morte da mãe por ele, um ato de amor que
o protegeu da maldição. Curioso, mais ainda somado ao fato de que dessa vez
ninguém morreu por ele.]
–
Acho que você sabe. Faça uma retrospectiva. Lembre o que ele fez em sua
ignorância, cobiça e crueldade.
– Ele tirou o meu sangue
– respondeu Harry. [O sangue de Harry é precioso, pois nele existem traços do
sacrifício.]
–
Exato! – exclamou Dumbledore.
–
Ele tirou o seu sangue e usou-o para reconstruir o próprio corpo vivente! O seu
sangue nas veias dele, Harry, a proteção de Lílian nos dois! Ele prendeu você à
vida enquanto ele viver! [TOUCHÉ! Agora aquele que virá libertar o
mundo bruxo vive por causa do vilão... por um “descuido” do próprio Voldemort,
Harry apenas poderá ressuscitar por conta dele mesmo! Não parece tudo o que
Satanás adoraria, ter a vida de Cristo nas mãos?]
–
Eu vivo... enquanto ele viver? Mas pensei... pensei que fosse o contrário!
Pensei que nós dois tínhamos que morrer? Ou dá no mesmo? – Então me explique...
melhor – pediu Harry, e Dumbledore sorriu.
–
Você foi a sétima Horcrux [parte da
alma de Voldemort], Harry, a Horcrux que ele nunca pretendeu criar. Voldemort
deixou a alma tão instável que ela se fragmentou quando ele cometeu aqueles
atos de indizível maldade, o assassinato dos seus pais, a tentativa de matar
uma criança. Mas o que escapou daquele quarto foi ainda menos do que ele
percebeu. Voldemort deixou ali mais do que o seu corpo. Deixou uma parte de si
mesmo presa a você, a pretensa vítima que sobrevivera. E o conhecimento dele
permaneceu lamentavelmente incompleto, Harry! Aquilo a que Voldemort não dá
valor ele não se dá sequer o trabalho de compreender. De elfos domésticos e
contos infantis, amor, lealdade e inocência, Voldemort não entende nada.
Nadinha. Que todos tenham um poder que supere o dele, um poder que supere o alcance
da magia, é uma verdade que ele jamais compreendeu. Ele tirou o seu sangue
acreditando que isso o fortaleceria. Integrou ao próprio corpo uma parte mínima
do encantamento com que sua mãe o recobriu quando morreu para salvá-lo. O corpo
dele guarda vivo o sacrifício de Lílian, e enquanto esse encantamento
sobreviver, você também sobreviverá, assim como a última esperança de
Voldemort.”
[Aqui
já retrata o malvado como alguém descuidado, que perdeu detalhes de extrema
importância e pode ser enganado. Nos dá a estranha sensação de que nós, seres
simples e mortais, podemos “dar um nó” no Enganador das Nações, perito em nos
fazer desviar, pelo simples fato de que um pouco dele vive em nós (pecado). Uma
grande farsa e espetáculo tremendo, afinal, o que temer de alguém que pode ser
enganado porque deixa “pedaços” falhos no plano?]
Essa
parte, apesar de parecer um tanto complexa, não precisa de lá muita análise
para compreender o pano de fundo ali representado. A conversa se estende, o que
não nos interessa muito, mas o fim dela segue abaixo e você poderá tirar
conclusões a partir dos textos em negrito e comentários:
“A
compreensão do que aconteceria a seguir foi pouco a pouco se consolidando em
Harry, nesses longos minutos, como a neve caindo suavemente.
– Tenho que voltar, não
é?
– Isso depende de você.
– Tenho opção?
–
Ah, sim – Dumbledore sorriu. – Estamos em King’s Cross, não foi o que você
disse? Acho que, se decidir não voltar, você poderia... digamos... tomar um
trem.
–
E aonde ele me levaria?
–
Em frente – respondeu Dumbledore, com simplicidade. Novo silêncio.
–
Voldemort tem a Varinha das Varinhas.
–
Verdade. Voldemort tem a Varinha das Varinhas.
– Mas o senhor quer que
eu volte?
– Acho que se você escolher voltar, há uma
chance de que ele seja liquidado para sempre. Não posso prometer. Mas de uma
coisa eu sei, Harry, você tem menos a temer do que ele ao retornarem para cá.
Harry
tornou a relancear a coisa em carne viva que tremia e engasgava na sombra, sob
a cadeira distante.
–
Não tenha piedade dos mortos, Harry. Tenha piedade dos vivos e, acima de tudo,
dos que vivem sem amor. Ao regressar, você poderá assegurar que menos almas
serão mutiladas, menos famílias serão destroçadas. Se isso lhe parecer um objetivo meritório, então, por ora, diremos
adeus.”
Você
percebe aqui a conotação da conversa “Jesus e Deus”, pelos negritos, sendo que,
aparentemente, “Jesus” não desejaria voltar de todo o coração, mas “Deus” o
incita dando a cartada final, e nos deixando a certeza: não se trata de um
personagem qualquer, num lugar qualquer.
Portanto,
só posso concluir falando da felicidade que foi, depois de muitos e muitos anos
de contida reflexão, me desfazer de todo o lixo que me tomava tempo. Tempo que
poderia ter sido empregado estudando a Bíblia Sagrada. Tempo que poderia ter
sido empregado em qualquer livro que me dissesse algo mais do que desmerecer o
grande sacrifício de Cristo, incitar tudo aquilo que é proibido e poluir minha
mente, caráter e personalidade. Por fim:
Filipenses 4:8: “Quanto ao
mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”
Fico
feliz de poder compartilhar essa experiência, levar um pouco de luz às trevas,
tornar claro o que tentam escurecer e assegurar que muitos deixem de ser
ludibriados. A Bíblia é clara! Ela não muda! Ela não esconde nem tenta desfazer
o caráter humano; não desmerece nem mesmo Satanás, que foi um dos seres mais
esplêndidos já criados. Mas revela, mostra, traz para a luz, coloca sob o
holofote, não deixa sombra nem lado oculto! Agarre-se à única fonte da verdade.
Não se acostume com o “mundo”. Seja diferente em Cristo e comece hoje a se
desfazer de tudo o que desvia você dEle.
(Bárbara Berti estudou administração e atualmente cursa Comércio
Exterior na Universidade Regional de Blumenau, em Santa Catarina)
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