Você
pode não conhecer Erik Lima Santana, mas certamente já viu alguns de seus
ex-companheiros brilhando pelos campos do mundo. No fim da adolescência, ele
jogou nas categorias de base do São Paulo. Ao seu lado, estavam estrelas como
Kaká e Júlio Batista. Só que Erik, apesar da habilidade no ataque, não virou
jogador de futebol profissional. Após começar a carreira no Operário, do Mato
Grosso, ele veio para São Paulo. Passou três meses nas categorias de base do
Palmeiras, mas passou mais tempo no São Paulo. Lá, fez parte da geração de
Kaká, com quem, aliás, compartilha, até hoje, a fé religiosa. A diferença é
que, enquanto o hoje craque do Real Madrid é evangélico, Erik é adventista, que
prega que os fieis não devem trabalhar aos sábados. “Eu sempre fui adventista.
Mas, quando comecei no futebol, deixei a religião um pouco de lado. O problema
era aos sábados. No futebol, temos de trabalhar. Mas na religião, era proibido”,
conta o ex-jogador.
Quando
os caminhos do futebol e da religião começaram a ficar muito distantes, Erik
teve de escolher. Deixou a equipe, voltou a se focar na religião. Até hoje não
se arrepende. Principalmente pelo caminho que isso proporcionou: longe das
exigências da vida de atleta de profissional, teve tempo de estudar. Se formou
em física e cálculo. Hoje, dá aulas no colégio Isaac Newton. “Vou me formar neste
ano em engenharia civil, mas não quero parar de lecionar. É uma paixão. É uma
vida puxada. Dou 54 aulas por semana, mas vale muito a pena.”
Mesmo
com tanto tempo na escola, Erik conseguiu encontrar uma maneira de se
reencontrar com o futebol. Neste ano, ele é um dos atacantes do Ajax, da
Vila Rica, time que está disputando a Copa Kaiser, o principal torneio de
futebol amador da cidade. “Meus alunos sabem que eu jogo e apoiam”, conta o
atacante. “No futebol de várzea, também é complicado conciliar a religião,
mas é possível. Eu tenho sempre convites para jogar aos sábados, às vezes o
time tem reuniões marcadas. Mas todos já sabem e não preciso comparecer”, diz
Erik. “A gente respeita. Ele é um bom jogador e uma pessoa muito boa. Nós
sabemos que ele tem compromissos”, afirma o presidente do Ajax, Francisco
Prince Ribeiro, o Kiko. [...]
(UOL)