Quando
estamos na frente de uma figura que consideramos carismática, as áreas do
cérebro responsáveis pela vigilância e pelo ceticismo são desligadas. Essa é a
conclusão de um estudo que analisou o cérebro de pessoas quando estão na
presença de alguém que afirma ter poderes divinos. Pesquisadores da
Universidade Aarhus, na Dinamarca, estudaram cristãos pentecostais, que
acreditam que algumas pessoas possuem poderes proféticos, de cura e de
sabedoria. Usando um aparelho de ressonância magnética, os cientistas
analisaram os cérebros de 20 pentecostais e 20 céticos enquanto eles assistiam a
cultos. Apenas os devotos tiveram mudanças nas atividades cerebrais em resposta
às orações. Partes do córtex pré-frontal, que têm papel fundamental de
vigilância e que conferem importância para a informação que outras pessoas nos
dão, eram completamente desativadas. Quando quem estava falando não era o
pastor ou outro líder religioso, a atividade cerebral dos voluntários diminuía
menos.
Para
os especialistas isso explica por que algumas pessoas parecem ter mais
influência sobre as outras. Não está claro se isso funciona apenas para líderes
religiosos, mas os cientistas acreditam que o mesmo aconteça com pessoas com
ótima oratória – políticos, advogados, médicos e, até mesmo, nossos pais. (Fonte: Hypescience)
A
fraude acima é clara. O estudo, na verdade, testa um fenômeno: “a reação de
pessoas diante de figuras de autoridade que usem um tipo específico de
retórica”. Tanto que, no último parágrafo, o texto da Hypescience reconhece
isso.
O
problema é que na hora de seleção das amostras sob investigação, escolheram
apenas os religiosos como as pessoas a estarem diante das figuras de
autoridade, e os não religiosos como as pessoas a não darem a mínima para essas
figuras de autoridade. Daí compararam os dois grupos e concluíram: o cérebro do
crente “desliga” na frente dessas pessoas.
Isso
já é o suficiente para que matilhas neoateístas comecem a capitalizar em cima
da notícia, e é mais uma amostra de como, dentro de instituições aparentemente
científicas, é possível implementar instâncias da estratégia gramsciana.
Qualquer evento ou ação, por menor que seja, pode ser politizada, desde que um
dos lados controle o fluxo das informações.
Alguém
poderá dizer que não é fraude, “pois, no final, o texto reconhece que o mesmo
efeito pode ocorrer em não religiosos”. Falso. Continua sendo fraude, pois as
amostras foram selecionadas para testar apenas os crentes religiosos, mesmo que
os pesquisadores já tenham em mente que não é claro se o efeito funciona apenas
em crentes religiosos. Quer dizer, os pesquisadores já sabiam que deveriam obter
amostras variadas (e não apenas de religiosos) para não ter um estudo
enviesado.
Vamos
dar um exemplo da fraude. Suponha que em um estudo sobre uma característica
pejorativa, o autor selecionasse apenas negros. Isso provaria que negros teriam
mais essa categoria pejorativa do que brancos, certo? Errado, pois o fenômeno
estudado não deveria estudar uma categoria de pessoas, mas todas as amostras
que poderiam estar abarcadas pelo mesmo fenômeno. Por isso, os pesquisadores
deveriam ter testado não só 20 crentes na religião tradicional, como também 20
crentes no humanismo, 20 crentes no marxismo, e aí por diante.
Quem
estudou propaganda sabe que é muito fácil manipular estudos somente com o
controle do fluxo de informações. E qualquer um que usa um fenômeno universal e
o maquia para fazer parecer que ele só afeta uma determinada parcela da
população está cometendo uma fraude.
O
próprio título da matéria é sensacionalista, e foi feito para atrair os neoateus.
O objetivo da pesquisa, de produzir evidências contra os religiosos (ao invés
de tentar entender a mente humana), mostra que estamos diante de ciência por
encomenda.
A
baixaria humanista realmente não encontra limites...