O
bispo britânico Peter John Haworth Doyle nomeou um clérigo para investigar a
causa de beatificação do escritor Gilbert Keith Chesterton. A notícia foi dada
por Dale Ahlquist, presidente do American Chesterton Society, no dia 1º
agosto. Em seu discurso de abertura da 32ª Conferência Anual da American
Chesterton Society, realizada no Colégio da Assunção, Ahlquist expressou
alegria e gratidão por essa iniciativa porque “está em sintonia com os nossos
desejos” para a canonização de Chesterton. “É para mim um grande privilégio
poder fazer esse anúncio” - acrescentou – “também porque a razão que motivou
monsenhor Doyle é o fato de que quando o Cardeal Bergoglio era arcebispo de
Buenos Aires falou favoravelmente para a abertura da causa.”
Monsenhor
Doyle é bispo da Diocese de Northampton, uma sede sufragânea da Arquidiocese de
Westminster, que inclui os condados de Bedfordshire e Northamptonshire, bem
como o tradicional condado de Buckinghamshire.
Gilbert
Keith Chesterton (1874-1936) é um dos escritores ingleses mais citados do
mundo. Muito conhecidos seus livros Ortodoxia,
O Homem Eterno, A Aventura de um Homem Vivo, São
Tomás de Aquino, São Francisco de
Assis, bem como toda a série de histórias do Padre Brown. Em particular, é de grande importância o livro A Minha Fé, no qual explica sua
conversão ao catolicismo.
Está
amplamente demonstrado que os escritos de Chesterton foram significativos para
a conversão de muitas pessoas e que têm influenciado positivamente muitos dos
grandes homens do século 20. O escritor e filólogo britânico Clive Staples
Lewis escreveu que, depois de ter lido o livro Chesterton, The Everlasting Man (traduzido para
o português sob o título O Homem Eterno),
“pela primeira vez eu vi a história de uma forma cristã que fazia sentido”.
De
acordo com Dale Ahlquist, a abordagem de Dorothy Day para a economia foi
influenciada por um modelo criado por Chesterton baseada nos ensinamentos
sociais da Igreja e conhecido como “distributismo”. (Dorothy Day foi uma
jornalista e ativista social anárquica norte-americano, famosa por suas
campanhas de justiça social em defesa dos pobres e sem-teto. Converteu-se ao
catolicismo em 1927.)
Chesterton
também influenciou John Ronald Reuel Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis e de outros célebres “pedras milenârias” do
gênero fantasy , como O Hobbit
e O Silmarillion. E foi fonte de
inspiração também para o escritor, dramaturgo, poeta e jornalista Maurice
Baring, para o historiador Christopher Henry Dawson, para o teólogo monsenhor
Ronald Knox, e para os autores agnósticos como o grande escritor argentino
Jorge Luis Borges.
Não
basta ser um grande escritor para ser um santo, mas não há dúvida de que
Chesterton foi um mestre da virtude. Magistrais são os seus ensinamentos no
campo da fé, da defesa da família natural, da santidade da vida e da justiça
econômica.
No
mundo, ele é conhecido por sua grande inteligência, humildade e alegria
profunda que brotou do seu tornar-se católico. O presidente da Chesterton
American Society lembrou a influência que Chesterton teve também sobre o
servo de Deus e arcebispo norte-americano Fulton John Sheen, entre os mais
eficazes e brilhantes pregadores do seu tempo. “Acho que Chesterton é um santo para o nosso tempo e poderia continuar a
atrair muitas pessoas à Igreja Católica”, concluiu Dale Ahlquist.
(Zenit)
Nota:
Se estivesse vivo, não sei não se Chesterton concordaria em virar “santo”... Ele
é muito admirado por leitores e pensadores protestantes. Seria essa mais uma
tentativa por parte da liderança católica de aproximação dos “irmãos separados”
e um esforço para agradar os fãs do escritor? Como Alquist mesmo admite, a
canonização de Chesterton tem o potencial de atrair muitas pessoas à Igreja
Católica. Assuntos de fé e pragmatismo quase sempre se misturam quando o
assunto é beatificação e canonização - e os últimos dois papas bateram recordes nesse quesito. De qualquer forma, Chesterton estará
alheio a tudo isso até a ressurreição dos mortos (já que, como qualquer morto,
ficará “dormindo” em seu lugar de descanso até a volta de Jesus, se morreu
salvo – confira). Pelos mesmos méritos de Chesterton, podiam canonizar C. S. Lewis. Ah, não dá... Era não era católico.[MB]