Que dizem as rochas? |
Em entrevista dada à coluna de
tecnologia de um jornal local em Minas Gerais, o cientista francês Jérôme Baron,
pós-doutor pelo Max Planck Institite (referência mundial em pesquisas do
cérebro), afirmou que fazer pesquisa no Brasil “é quase heroico”. Baron
mudou-se para o Brasil, abandonando o Instituto Max Planck, na Alemanha, para
ficar perto da esposa, brasileira, e da filha. Hoje ele é pesquisador na Universidade
Federal de Minas Gerais, onde trabalha estudando a percepção visual de corujas.
Se nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil já temos grande falta de
investimentos em projetos de pesquisas científicas, o que falar então de
regiões como Norte e Nordeste? Mas é de lá que vem o maior número de
geocientistas criacionistas, principalmente geólogos, que eu conheço.
Durante minha graduação, não abracei
de imediato o criacionismo. Talvez por ter pouco conhecimento a respeito ou
achar pouco interessante. Entretanto, ficou claro para mim, no decorrer dos
anos, principalmente durante meu mestrado, que não podia conviver com a ciência
de um lado e a religião do outro. Era estranha a ideia de que, durante a
semana, eu vestia minha “roupa” de pesquisador, e nos fins de semana, a “roupa”
de cristão. O conflito de crenças e ideias sempre vem. E você é obrigado a
tomar uma posição: ou fé ou razão. Foi aí que descobri que não precisava abrir
mão de uma ou de outra. Que, na verdade, há muita fé no que chamamos de “razão”
e bastante razão no que embasamos nossa fé, a Palavra de Deus. Foi então que
decidi mergulhar fundo no criacionismo, onde descobri que, semelhantemente,
outros colegas de diferentes áreas da ciência também estavam na mesma busca – a
ciência na religião.
Os desafios vêm. Os questionamentos
crescem de maneira exponencial. Porém, como na ciência, são as perguntas que
nos motivam a avançar em busca de novas descobertas. E como tenho descoberto!
Como tenho visto que novos modelos podem ser propostos e antigos modelos,
questionados. Como, aos poucos, Deus nos revela Seus maravilhosos mistérios por
meio da ciência. Como consegui enxergar que aquilo que parecia impossível de se
harmonizar em minha mente, ciência e religião, na verdade, são áreas que podem
caminhar lado a lado. Porque o Deus da religião usou Sua maravilhosa ciência
para criar todas as coisas. O problema está na “ciência” que os homens querem
enxergar. Não é errado questionar. Não é errado investigar... Sendo assim, por que
não questionar antigos modelos e propostas para darmos passos largos em direção
às verdadeiras descobertas sobre as origens, ou mesmo coisas ainda não
reveladas a respeito?!
Mas quem disse que é fácil? Se para a
pesquisa científica secular no Brasil já não se tem muito incentivo, o que
falar sobre pesquisas criacionistas, sobretudo na área de geociências? “A falta
de conhecimento sólido sobre os argumentos criacionistas por parte da grande
maioria dos acadêmicos (professores e alunos) dentro do campo das geociências tem
sido uma das maiores dificuldades para os geocientistas criacionistas”, afirma
David Pereira, criacionista, mestrando em geologia pela Universidade Federal do
Pará. No campo das geociências, ainda temos pouco com o que contar,
principalmente no Brasil. Graças a trabalhos como os dos geólogos doutores
Nahor Neves, Marcos Natal e outros, a Sociedade Criacionista tem recebido
importantes contribuições nessa área nos últimos anos. Mas é preciso mais! É
preciso sair da zona de conforto e caminhar com ousadia e confiança. É preciso
crer que se está do lado certo. Ainda que o “caminho largo” pareça mais
confortável e ninguém olhe para você com receio, como disse o criacionista e
estudante de geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Thiago Soldani.
Ao longo desses anos de estudante e
pesquisador, tenho visto colegas de fé e profissão ficarem na “sombra”, com
receio de serem ridicularizados. Outros, por não haver um aporte de material
conciso ou mesmo “convincente” a respeito da geologia criacionista, preferem
acreditar em teorias seculares, montando ideias que misturam um pouco daqui e
dali, para não desagradar a “gregos e troianos”. Mas, nesse ponto, precisamos
olhar para trás e aprender com nossos irmãos evolucionistas. Basta lembrar que,
quando a teoria da Tectônica de Placas foi apresentada ao público pela primeira
vez pelo geólogo norte-americano Harry Hass (que tomou como base os estudos de
Alfred Wegner sobre a Deriva Continental), na década de 1960, foi simplesmente
ridicularizada. Mas a persistência dele, a dedicação e, sobretudo, a fé em suas
pesquisas o levaram ao progresso. Desde então, inúmeras pesquisas foram e vêm
sendo realizadas nessa área. E hoje essa teoria é considerada seminal para a
geologia moderna.
Por mais desafiador que seja
trabalhar com a geociência e o criacionismo, mesmo sem haver grandes
financiamentos ou mesmo um grande número de pesquisadores para “somar” a esse
tão “temido” grupo nos estudos criacionistas, sinto que fomos chamados para
marcar uma nova geração de pesquisadores que não têm medo de caminhar a segunda
milha! Que não medem esforços para ir além dos livros seculares. Que, como
Harry Hass, não têm medo de serem ridicularizados.
Saiba que existe um universo de
evidências enterradas e registradas nas rochas sobre os grandes mistérios da Criação.
Saiba que você, geólogo, geofísico, engenheiro, geólogo ou qualquer outro
profissional ligado às áreas da geociência pode e tem o direito de não aceitar
esse desafio... Mas só quero que você não esqueça: se você não falar, “as pedras
clamarão”! (Lucas 19:40).
(Hérlon
Costa é geólogo formado pela UFPA e mestre em Geologia Exploratória pela UFPR)