Supernova SN 1987A |
[Foto
ao lado: imagem do que restou da explosão da supernova SN 1987A - os neutrinos
chegaram à Terra quase cinco horas antes dos fótons.] O
físico James Franson, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, está
causando um rebuliço na comunidade física mundial ao apresentar cálculos que
indicam que a velocidade da luz pode ser menor do que se calculava. Segundo a
Teoria da Relatividade Geral, a velocidade da luz no vácuo – o “c” na famosa
equação de Einstein – é uma constante equivalente a 299.792.458 metros por
segundo. É o chamado “limite de velocidade universal”, já que nada pode viajar
mais rápido do que isso – nem mesmo neutrinos. Franson analisou justamente a
diferença de velocidade entre neutrinos e fótons detectados na famosa supernova
SN 1987A – detectada em 1987, esta foi a primeira supernova a ser
observada a olho nu em 383 anos. Ocorreu que os instrumentos indicaram que os
neutrinos emitidos pela explosão cósmica chegaram à Terra 4,7 horas antes que
os fótons, algo totalmente inesperado e em desacordo com as leis da física. A
saída mais fácil foi concluir que os neutrinos vieram da SN 1987A, mas os
fótons devem ter vindo de algum outro lugar.
Franson
argumenta que essa saída pouco elegante é desnecessária porque os fótons podem
ter tido sua velocidade reduzida no caminho devido a um fenômeno conhecido como
polarização do vácuo, um processo no qual um fóton se divide em um elétron e um
pósitron, a versão de antimatéria do elétron. A polarização do vácuo é um
fenômeno bem conhecido pela teoria quântica dos campos, que sabe também que
essa separação do fóton em elétron e pósitron dura muito pouco, com os dois
recombinando-se novamente em um fóton, que prossegue sua viagem.
Franson
argumenta que isso deve criar um diferencial gravitacional entre o par de
partículas durante os momentos de separação do fóton. Se for verdade, há um
pequeno impacto de energia quando os dois se recombinam - pequeno, mas o
suficiente para retardar ligeiramente o fóton.
Como
a supernova SN 1987A está a 168 mil anos-luz da Terra, esse processo deve
ter-se repetido incontáveis vezes, e o somatório dos pequenos retardos gerados
em cada decaimento-recombinação pode explicar as 4,7 horas que os fótons
demoraram a mais para chegar em relação aos neutrinos, que não sofrem o mesmo
processo. Assim, conclui Franson, não é que os fótons da explosão da supernova
tenham chegado atrasados: a velocidade da luz é que é menor do que se
calculava.
Isso
implica em muitas coisas radicais do ponto de vista da física atual. Por
exemplo, que os neutrinos seriam mais rápidos do que a luz, o que deve estar
deixando os físicos do laboratório Gran Sasso alvoroçados.
Se
Franson estiver correto, praticamente
todas as medições feitas e usadas pela cosmologia para embasar suas teorias
estarão erradas. E muitas explicações criadas com base nesses dados e
nessas medições também terão que ser repensadas. Contudo, ainda que a teoria de
Franson tenha sido aceita e publicada por uma renomada revista de física, é bom
dar algum tempo até que toda a comunidade possa avaliar a ideia. Ou, quem sabe,
esperar por outro fenômeno cósmico que, ocorrendo a uma distância diferente,
permita aferir os cálculos de Franson.
Não
é a primeira vez que a velocidade da luz é questionada. No início do ano
passado, duas equipes argumentaram que as partículas efêmeras que surgem do vácuo
quântico podem induzir flutuações na velocidade da luz.
Nota:
Quem sabe algum dia os geólogos, os biólogos e os paleontólogos evolucionistas
também demonstrem a abertura/coragem dos astrônomos e cosmólogos para rever suas
teorias e datações, levando em conta dados discrepantes... [MB]