A
matéria veiculada pelo Fantástico no último dia 10/3, mostrando a situação
do abate de gado bovino em diversas cidades brasileiras, com certeza foi
chocante e um tanto reveladora. É triste e bastante repugnante, mesmo para os
de estômago forte, presenciar cenas como as apresentadas na matéria. É também
bastante revoltante, para muitos, descobrir que aquele açougue da esquina, no
qual se confiava por achar que a carne era “limpinha”, na realidade, vende
carne imprópria para o consumo, e que pode ocasionar diversas doenças. Mas qual
foi o objetivo do Fantástico (ou da Rede Globo), ao veicular essa matéria?
Podemos concluir, primeiramente, que se trata de um alerta à sociedade e aos
órgãos fiscalizadores. No entanto, podemos inferir algo mais?
Lembro-me
muito bem das aulas em meu antigo curso de Veterinária, quando nos eram expostos
os efeitos do estresse sobre a carne, ou a quantidade de substâncias químicas
acumuladas na carne em decorrência do uso de medicamentos nos animais. Ficava
atônito ao ver que, apesar de haver o chamado selo de qualidade para a carne, essa
carne “qualificada” nada mais era do que um pool
de substâncias danosas. Você deve estar se perguntando: “O que ele está
querendo dizer?”
Ficou
explícito na matéria do Fantástico que há um risco muito grande de se consumir
carne cuja origem é duvidosa, pois ela pode ter sido contaminada. Esse risco é
real, mas, como a matéria bem mostrou, a quantidade de carne duvidosa consumida
no país corresponde a 30% do total. E os outros 70%, estão isentos de risco?
Por que isso não foi mostrado na matéria?
Boa
parte da carne bovina produzida no Brasil (cerca de nove milhões de toneladas) é
destinada à exportação (2,2 milhões de toneladas) para mais de 140 países, e
obviamente essa carne não vem de pequenos produtores. Nossa produção está mais
concentrada nos estados do Centro-Oeste, e com o avanço da fronteira agrícola,
hoje encontramos grandes produtores do Norte do País. São mais de 200 milhões
de cabeças de gado bovino, número superior ao da população humana no Brasil. Em
números, só estamos atrás dos Estados Unidos. Também somos o terceiro em
consumo de carne per capita: cerca de
38kg por ano. São números enormes e que economicamente fazem do Brasil uma
potência nesse ramo.
Todo
esse mercado está concentrado nas mãos de poucos produtores que detêm grandes
porções de terras para a criação de gado. E tal foi minha surpresa ao
descobrir, quando acompanhava, em uma fazenda um professor meu em uma seção de
inseminação artificial, que esses produtores são, em sua maioria, artistas
famosos, apresentadores, narradores esportivos e políticos (os da chamada “bancada
ruralista”, você já deve ter ouvido falar).
Há
um grande mercado envolvido nisso, e qualquer que seja a má impressão que fique
acerca da carne brasileira, poderá prejudicar os lucros desses produtores.
Faz-se necessária, então, a “limpeza” da imagem da nossa carne, que é muitas
vezes rejeitada por alguns países, devido a casos de contaminação. Para cumprir
essa tarefa, é sempre mais fácil jogar o problema para os pequenos. Outra forma é veicular que os grandes produtores têm um
excelente controle de qualidade da carne. Mas há verdades escondidas nisso.
Fatos que não são mostrados. Por exemplo, veja o que o NACMCF (comitê
responsável por estabelecer parâmetros e critérios microbiológicos para os
alimentos) afirmou sobre a carne bovina produzida em grande escala:
“A
industrialização e o desenvolvimento de práticas agrícolas intensivas têm
desenvolvido a possibilidade do aparecimento de resíduos perigosos na carne
como antibióticos, anti-helmínticos, hormônios, substâncias parecidas com
hormônios, pesticidas, tranquilizantes e metais tóxicos. Alguns componentes da
alimentação animal ou contaminantes do pasto, como também agentes terapêuticos
ou de promoção de crescimento, podem permanecer nos tecidos após o abate,
constituindo perigo para o consumidor.”
Então
é verdadeira aquela história de que existem hormônios na carne (e queriam que
acreditássemos que isso era lenda urbana). E não somente hormônios, mas também
todo tipo de substância química administrada ao animal para evitar doenças ou
tratá-las é acumulada e pode ser ingerida pelo consumidor, acarretando
problemas de saúde.
Existem
diversos tipos de manejo para se evitar a contaminação da carne com radicais
livres decorrentes do estresse, ou diminuir a quantidade de substâncias
químicas administradas ao animal, porém, isso não é 100% seguro, e todos os
pesquisadores e produtores sabem disso. Podemos não estar alerta quanto a isso,
mas muitas pesquisas já mostraram o quanto o consumo de carne é prejudicial ao
ser humano, e mesmo assim continuamos a consumir algo tão ruim para nós.
Aprendi
algo sobre isso na faculdade de Veterinária. Você deve tentar deixar o produto
“menos ruim”, porque o produto ideal não existe. No entanto, hoje posso afirmar
algo diferente: o alimento ideal existe, sim, e só alguém que entende muito bem
do assunto pode indicá-lo. Deus, o Criador de todas as coisas, nos deixou um
tipo de dieta ideal e nos deu vários conselhos para obter essa dieta de forma
saudável. Cabe a nós estudar a Palavra para apreender tais conselhos e ter
força para pô-los em prática. Não digo que é fácil, pois ainda estou nessa
luta, mas posso dizer que é essencial.
Estamos
no meio de um grande conflito cósmico e nosso inimigo fará de tudo para nos
convencer de que Deus está errado. Ele se utiliza, de forma bastante intensa,
dos meios de comunicação. Quando vejo matérias como a do Fantástico, sempre
tento me posicionar de forma cética, pois sei que neste mundo a imparcialidade
muitas vezes é o mesmo que se posicionar do lado errado.