Luta pelo verdadeiro casamento |
Dawn
Stefanowicz cresceu em uma casa em que os desejos sexuais dos adultos eram
postos à frente das necessidades e do seu bem-estar. Hoje ela luta pelo
casamento tradicional e pelo direito de a criança ter um pai e uma mãe.
A
oficialização da união de casais do mesmo sexo é a cause célèbre de muitos políticos e celebridades e é
extensivamente abordada nos noticiários. Enquanto aumenta o furor do
debate, um aspecto central é muitas vezes esquecido segundo a autora e
conferencista canadense Dawn Stefanowicz: como são afetadas as crianças que são
criadas por casais do mesmo sexo? Muitos estados (dos EUA) permitem casais
homossexuais adotarem crianças. Essa é uma prática que será cada vez mais
consolidada na lei conforme mais estados forem permitindo que casais
homossexuais adotem. Além disso, alguns homossexuais têm crianças dos seus
próprios relacionamentos passados com pessoas do sexo oposto. Dawn traz um
ponto de vista raro na discussão pública; seu pai era ativamente envolvido no
estilo de vida gay e ela se descreve como sendo “criada sob a guarda LGBT
[lésbica, gay, bissexual e transgênero]”.
Dawn
nasceu em Toronto. Seu pai se tornou um homossexual ativista já na juventude. Ele
era um homem de negócios bem-sucedido. Desejoso de ter crianças, ele casou e
teve, além de Dawn, outros dois irmãos, sendo que um é gêmeo dela. Após Dawn e
seu irmão gêmeo terem nascido, seu pai parou de ter relações sexuais com a
esposa e buscou relações homossexuais em lugares conhecidos do público gay
canadense e americano. Dawn foi frequentemente levada a muitos desses lugares,
mesmo quando era criança. Seu pai teve muitos amantes gays e os trouxe até sua
casa. Aos 51 anos, ele morreu de aids, em 1991.
Atualmente,
Dawn vive em Ontário, Canadá. Ela é contabilista, cristã e defende abertamente
que as crianças sejam criadas por casais heterossexuais casados à moda
tradicional. Ela foi casada com um homem por 28 anos e teve duas crianças, que
hoje são adolescentes. Em 2007, ela publicou Out From Under: The Impact of Homossexual Parenting, um livro sobre
suas experiências de vida na fase de crescimento que se passaram no mundo GLBT.
Por ocasião do quinto aniversário do lançamento do livro, ela falou com o Catholic World Report.
Por que você decidiu
compartilhar suas histórias das épocas em que foi “criada sob a guarda LGBT” no
seu livro e nas suas palestras?
Senti-me
compelida. Fiz uma aparição ante a Comissão de Assuntos Legais e
Constitucionais do Senado em Ottawa, em 2004, pedindo para não colocarem
“orientação sexual” na legislação vigente de crimes de ódio por conta das
restrições à liberdade de expressão e religião. No fim daquele mês,
compartilhei meu testemunho perante um conselho escolar. Quase imediatamente,
os ativistas gays que haviam comparecido – devo dizer que não gosto de usar o
termo “gay”, mas como ele é muito usado hoje em dia, eu usarei – começaram a gritar
tanto durante meu depoimento que eu mal podia ouvir minha própria voz. Fui
interrompida uma meia dúzia de vezes. Estive preocupada com a minha segurança;
então pedi ao segurança que me escoltasse até o carro. Fui para casa e comecei
escrever o livro. Eu quis compartilhar minhas experiências adquiridas em um lar
homossexual.
Uma das coisas que você
enfatiza é que você não viu uma rotina de relacionamento monogâmico na sua casa
enquanto você crescia.
Sim.
Para as crianças, como eu à época, só porque nossos pais são “parceiros” não
significa que eles são monógamos. A monogamia na comunidade gay significa
“monogamia em série”, pois eles ficam com um mesmo parceiro por alguns meses e
logo fazem a fila andar; ou senão eles estão em uma relação, mas mantêm
múltiplos parceiros simultaneamente. Pesquisas mostram que a maioria dos
relacionamentos homossexuais masculinos torna-se aberta já no primeiro ano. Um
artigo recente do New York Times confirma
isso: 50% das uniões homossexuais masculinas tornam-se abertas a outros
parceiros sexuais já no primeiro ano. Meu pai podia estar “comprometido” em um
relacionamento longo, mas havia um acordo com seu parceiro para poder ter
relações sexuais com outros.
Enquanto
crescia, não estive cercada por casais heterossexuais comuns. Na minha casa,
tinha os parceiros dos meus pais e seus amigos homens; além disso,
frequentemente eu era carregada para os locais de encontro da comunidade LGBT.
Eu era apenas uma criança, mas estive exposta a manifestações patentes de
atividade sexual. Por exemplo, quando eu tinha nove, meu pai me levou a um sex shop do subúrbio. Ele disse que
queria me expor à sexualidade para que eu não fosse hipócrita. Não havia senso
de privacidade quando se tratava de sexualidade. O sexo era público; isso era
parte da cultura gay.
Ele
me levava para ver o trabalho de artistas gays cujas pinturas e esculturas
continham símbolos fálicos embutidos. Ele me levava para praias de nudismo onde
homens gays se encontravam. Ele queria que eu tirasse minhas roupas, mas eu não
tirava. Era nesses lugares que os homens estavam envolvidos em “cruzeiros”,
oferecendo-se uns para os outros para fazerem sexo. Havia áreas próximas dali aonde
eles iam para praticar sexo. Havia uma rede, de modo que se a polícia estivesse
chegando, eles avisavam uns aos outros e assim paravam de fazer sexo.
Isso
era antes da era da internet, mas mesmo assim havia uma incrível rede na
comunidade gay que mantinha uma comunicação para seus membros marcarem locais
de encontro para que pudessem marcar “rapidinhas”. Podiam ser praias públicas,
ginásios e até mesmo parques onde crianças brincavam por perto. Meu pai cruzava
todo o Canadá e também gostava muito de vir para os Estados Unidos; dentre suas
cidades favoritas estavam São Francisco, Miami e Ft. Lauderdale. Ele viajava,
achava alguém em questão de minutos e ambos iam para algum lugar fazer sexo.
Meu pai também mantinha próximo do seu escritório um apartamento para ele poder
ter um lugar de rápido acesso para fazer sexo.
Uma
vez, quando estava na 10ª série, eu estava animada porque meu pai havia ido
assistir minha performance musical, pois ele nunca fora antes. Eu vi seus olhos
se arregalarem quando ele viu todos os garotos adolescentes no palco comigo.
Então eu entendi que ele não estava lá por mim, mas para pegar garotos jovens.
Conforme você foi
ficando mais velha, seu pai a usou como “isca” para atrair homens com quem ele
tinha interesse em fazer sexo.
Sim.
Ele dizia para eu me vestir provocativamente e vestir esse ou aquele top, e
então íamos “passear”. Um homem poderia se identificar como gay, mas meu pai
sabia se eles ainda gostavam de jovens garotas. Além disso, isso poderia ser um
modo de atrair homens bissexuais e heterossexuais.
Meu
pai gostava de homens bem vestidos e de “fino trato”, cuja idade era cerca de dez
anos a menos que a dele. Era sempre um homem mais novo, jamais um da mesma
idade ou mais velho. Eu conheci muitos homens gays que tinham preferência por
garotos adolescentes que haviam acabado de entrar na puberdade. Eles [os homens
gays mais velhos] procuravam garotos vulneráveis cujo pai estava ausente.
Você não fazia objeções
quanto ao modo do seu pai a usar desse jeito?
Eu
não gostava, mas estava dividida. Eu queria agradá-lo e estar com ele. No fim
das contas, eu estava buscando o amor e a aceitação dele. Mas, ao invés disso,
eu é que tive de aceitá-lo.
E seu pai também trouxe
vários homens para casa para fazer sexo?
Sim,
isso foi parte da minha infância num ambiente homossexual. Não era seguro para
as crianças. Para começar, você é exposto a várias doenças. Não sei como dizer
isso, mas o sexo homossexual é asqueroso. Eu via lençóis sujos de esperma,
fezes e gel lubrificante. Camisinhas não eram parte do cenário, pois não se
conhecia a aids até então. Com efeito, anos depois, quando descrevi minha
situação ao meu médico, ele encomendou os mesmos testes sanguíneos feitos em
homens envolvidos em relacionamentos homossexuais.
Diferentes
homens vinham viver conosco durante algum tempo nas nossas dependências. Quando
meu pai tinha cerca de 30 anos, um artista de 18 anos veio viver conosco. Eles
tiveram relações sexuais e saíam por aí juntos buscando outras experiências.
Ocasionalmente, eles traziam homens para casa para fazer sexo grupal. Meus
jovens olhos viram muito. Não foi nada alegre ou colorido.
Meu
irmão gêmeo viu o sexo grupal uma vez. Ele não podia entender como nosso pai
beijava outros homens, mas não podia mostrar afeição ao seu próprio filho.
Você foi abusada
sexualmente?
Eu
tenho imagens na minha memória sendo abusada sexualmente; eu tive pesadelos com
essas imagens. Minha mãe confirmou que eu fui abusada sexualmente pelo meu pai
quando eu era criança; entretanto, ela não pôde confirmar as imagens na minha
memória que envolviam meu pai e outros homens comigo. Outros adultos que
viveram a infância em ambientes homossexuais confidenciaram a mim que foram
abusados. Há um risco maior de abuso sexual em tal ambiente.
Os parceiros do seu pai
eram gentis com você?
Eles
até cozinhavam ocasionalmente para mim, ajudavam no dever de casa ou me levavam
para alguma atividade. Mas eles não estavam ali por mim ou pelos meus irmãos;
eles estavam pelo meu pai. Meus irmãos e eu sentíamos que não tínhamos
importância alguma. Além disso, embora diferentes homens viessem para viver
conosco durante algum tempo, eles nunca eram como um pai ou membro da família.
Devo
acrescentar também, como mulher, que não me senti valorizada, apreciada ou
amada. Era um ambiente humilhante para mim. Vi muita confusão sobre gêneros;
meu pai, por exemplo, às vezes se vestia de mulher. Ou então algum dos
parceiros do meu pai interpretavam um papel “pseudo-feminino”.
Você também viu muita
morte.
Sim.
Alguns dos amigos do meu pai cometeram suicídio. Outros morreram de aids. Eu vi
meu próprio pai morrer de aids.
Onde estava sua mãe
esse tempo todo?
Minha
mãe estava seriamente enferma com diabetes crônica desde os 18 anos. Ela também
era uma pessoa fraca. Ela estava magoada e solitária, mas não se opunha
abertamente ao que estava acontecendo. Ela via as coisas e ia embora. Por causa
da sua doença e da sua passividade eu já tive muita responsabilidade desde os
oito anos de idade. Eu fazia boa parte dos serviços de cozinha e limpeza.
Quando
eles casaram, meu pai nunca teve a intenção de ser fiel a ela. Ele se casou com
ela apenas porque ele queria crianças. Após meu irmão gêmeo e eu termos sidos
concebidos, o relacionamento sexual deles acabou.
Ela
até se igualou ao meu pai ao visitar as subculturas. Ela se envolveu com uma
mulher durante a minha adolescência. Eu me lembro dos parceiros do meu pai
enfeitando e penteando os cabelos dela.
Você odeia seu pai?
Não,
eu sempre amei meu pai, até mesmo a despeito do estresse, solidão e pesadelos
que ele causou a mim. Eu tive raiva do meu pai, pois ele colocava suas
necessidades acima da minha própria pessoa. Eu senti medo de ser descartada,
assim como ele descartou muitos dos seus parceiros. Eu procurava o amor dele,
mas ele não podia expressar afeição por mim.
Quando
ele estava morrendo, eu rezei especialmente para ele. Eu queria perdoá-lo e
ficar em paz: e assim o fiz.
Como foram os anos
finais da vida dele?
Ele
passou por momentos árduos, o que tornou difícil para ele ser aceito nos
circuitos gays. A aids causou manchas rochas no rosto e no corpo, de modo que
ele tentava ocultá-las com cosméticos, calças e camisas de manga longa. Ele
começou a perder peso e energia. Ele sabia que estava enfrentando uma grave
situação.
Ele
estava sozinho e eu continuava a dizer a ele que eu o amava. Às vezes ele não
queria nada comigo. Mas eu o venci pelo cansaço. Ele compartilhou seus
conflitos internos comigo. Ele foi abusado sexualmente quando era criança; seu
pai era um alcoólatra violento. Ele saiu de casa quando tinha 15 anos. Assim,
ele me ajudou a entendê-lo e perdoá-lo.
Entretanto,
eu ainda guardava ressentimento dos seus parceiros, especialmente o último. Ele
e meu pai tiveram um relacionamento “aberto” de 14 anos. Minha mãe não estava
lá, então era ele quem cuidava do meu pai. Meu pai tinha muitos bens e seu
parceiro sabia que poderia ganhar parte disso quando meu pai morresse. Nenhum
dos parceiros do meu pai tinha conduta de protetor adotivo; com efeito, fiquei
ressentida que meu pai tivesse gastado tanto tempo com seus amantes ao invés de
ter gastado comigo. Esse último parceiro morreu de aids em 1996.
Eu
vi meu pai um dia antes de morrer: ele estava fortemente dopado e em profunda
dor. Ele teve dificuldades em me reconhecer. Eu segurei a mão dele e, enquanto
isso, ele disse ao seu parceiro: “Diga a ela que a amo.”
Também
notei que meu pai mantinha uma imagem de um barco num mar tranquilo que eu
comprei para ele alguns anos antes. Eu estava contente que ele havia guardado;
mostrou que ele dava valor. Eu rezava para que papai tivesse aquela paz da
imagem.
E como foi que, na
idade adulta, você se recuperou das experiências negativas dos seus anos de
crescimento?
Por
volta dos 30 anos de idade, eu passei por uma terapia de 13 meses. Por décadas
eu tive insegurança, depressão, insônia e confusão sexual. Minha cura incluiu
coisas como encarar a realidade e oferecer perdão.
Como foi a recepção ao
seu livro?
Muitos
apoiaram. Mais de 50 adultos que cresceram em lares de casais homossexuais me
contataram para dizer o quanto se identificaram com as minhas experiências.
Homens que levam um estilo de vida gay escreveram para mim procurando
respostas. “Como eu posso sair da comunidade gay”, perguntava um deles, “sem o
suporte que eu preciso da minha família e da comunidade como um todo?” Eles
estão buscando amor, compaixão e ajuda. Eu digo a eles para não irem pelo mesmo
caminho que meu pai foi.
Esses
homens disseram que nunca haviam pensado em mais ninguém quando estavam
sexualmente envolvidos com outros homens. Eles não viam o quanto suas escolhas
machucavam os que viviam com eles. Eles estavam simplesmente aproveitando o
prazer e ignorando as consequências. Mulheres lidando com o problema do
lesbianismo frequentemente perguntavam sobre a minha mãe.
E o que você diz aos
seus críticos?
Muitos
foram iludidos pela aceitação cultural da homossexualidade. Eles não pensaram
nisso a ponto de considerar o impacto em longo prazo nas crianças. Se as
críticas forem sórdidas eu não respondo. Se forem respeitosas eu respondo. Digo
a eles como meu pai nunca encontrou a felicidade. Mostro a eles que eu me
importo e que entendo as circunstâncias e tenho compaixão por eles. Digo a eles
que eles precisam achar uma comunidade de apoio onde possam ser honestos,
buscar perdão e achar a salvação através de Cristo. Quando damos o testemunho
de Cristo para os outros, eles ficam atraídos para Cristo.
Alguns críticos
argumentam que nem todos os homossexuais são promíscuos como seu pai.
Verdade.
Mas se você se envolver com a comunidade gay, há uma grande chance de se
envolver com vários parceiros sexuais. Pesquisas indicam um alto nível de promiscuidade
entre homens que se relacionam com outros homens; além disso, a incidência de
doenças sexualmente transmissíveis é muito alta nesse grupo. Meu pai não era o
único nessa história; há muitos homens gays com energia ilimitada para
aproveitar os prazeres momentâneos.
Você também esteve em
contato com o ministério católico para pessoas com atração pelo mesmo sexo, o
Coragem.
Sim,
o co-fundador, padre John Harvey, me deu muito apoio. Ele disse que sou uma
mulher corajosa por compartilhar minha história.
O que você pensa sobre
as pressões feitas para se reconhecer a união homossexual?
Eu
dei meu testemunho para oficiais do Canadá, Estados Unidos e outros lugares. Abordei
brevemente minha própria história e depois disse a eles que o casamento
tradicional é significante historicamente e religiosamente. É o cimento que
serve de base para nossa cultura e para nossa sociedade, pois forma um cenário
pelo qual as crianças são mais bem criadas e ficam em ambientes mais seguros.
Há
também a questão da monogamia, que eu também discuti, além da importância de a
criança ter tanto um pai quanto uma mãe, assim como parentes aos quais elas
sejam biologicamente relacionadas. Nossa identidade, segurança e senso de
descendência ancestral vêm por meio dos nossos pais; isso é perdido nas uniões
homossexuais.
Toda
criança quer ser criada por pais biológicos que sejam fiéis entre si. As
crianças não querem passar pelo tremendo estresse de ter que crescer com pais
que colocam suas preferências sexuais à frente. Por três décadas da minha vida
eu vi meu pai indo de um relacionamento para o outro. Essa era a prioridade
dele. Uma criança não pode satisfazer suas necessidades afetivas e espirituais
em um ambiente desses.
Conforme
eu disse, eu estava dividida enquanto criança: “Será que devo fazer as coisas
imorais que meu pai pede? Como honrar meu pai em um ambiente desses? E as
minhas necessidades? Meus sentimentos não importam, mas os do parceiro
importam?”
Crianças
não querem saber de o mundo ser “gay” ou amigável, elas querem passar o tempo
com os pais. Elas precisam de uma casa com um casal heterossexual estável, uma
comunidade e uma escola para compartilhar seus valores em comum. Elas
também precisam de uma base religiosa. Eu sou atacada pelos ativistas por
promover esse ponto de vista, mas não os odeio em retorno. Minha preocupação é
com as crianças.
Eu
nasci e cresci sob a guarda LGBT. Eu não escolhi isso. O caminho de saída desse
ambiente foi solitário. Mas fazer isso me deu tal liberdade e alegria que eu
quis compartilhar com os outros.