De volta à Idade Média? |
É
com grande estranheza que leio os comentários nada éticos ou acadêmicos do
professor Leandro Tessler que, pelo visto, deseja ser representante de um setor
na Unicamp [comentários a propósito do 1º Fórum Unicamp de Filosofia e Ciências das Origens, que seria realizado nesta quinta-feira]. Recomendo que você leia os comentários dele antes de ler o que
escrevo a seguir.
A postura de Tessler me lembra a daqueles acadêmicos criticados por Michael
Ruse, um eminente especialista em evolucionismo e darwinismo, em seu livro The Evolution-Creation Struggle. Apesar
de ser um ferrenho opositor do criacionismo, esse autor deplora a postura
acadêmica de monopólio teórico que nega ao outro a oportunidade de se
manifestar, fazendo com que apenas Darwin fale, deixando de fora qualquer
opinião ou proposta levantada pelo outro lado.
Ruse
chega a dizer que existe uma tremenda semelhança entre certos defensores do
evolucionismo e o fundamentalismo criacionista a que eles tanto se opõem. Ou
seja, ambos se tornam radicais em seu discurso, tratando o outro com pouco ou
nenhum respeito e evitando a todo custo que seus seguidores ouçam os argumentos
que o outro lado teria a dizer. Isso revela insegurança e preconceito, não um
debate racional e equilibrado sobre a questão. E Ruse, compensa repetir, é um
respeitado acadêmico evolucionista.
O
professor Leandro faz acusações do ponto de vista lógico que simplesmente
quebram várias leis do raciocínio correto – pelo menos para quem já estudou
filosofia – e beiram a falácias e paralogismos. Ele apela especialmente para o argumento
por autoridade e a Petição de Princípio. Resume-se a dizer que o que ele ensina
está provado e que o que o outro lado diz é ridículo. Mas não mostra onde está
o ridículo das afirmações a que ele se opõe. Pressupõe-nas ridículas porque
fogem ao seu senso comum ou ao que ele está acostumado a acreditar.
Isso,
fora o fato de que um acadêmico, seja de que área for, deveria tratar com
cuidado e precisão o uso de fontes, mesmo se tratando de um blog não indexado.
Afinal, sua autoridade acadêmica pode induzir os leitores ao erro. Neste texto,
darei alguns exemplos de sua incongruência argumentativa.
Palavras
de indignação do professor Leandro: “Por que a Unicamp empresta seu prestígio a
um evento desse tipo, que estaria muito mais apropriadamente sediado em alguma
igreja ou associação cristã? [...] Por isso causou-me surpresa que a
administração central da Unicamp, uma universidade pública e prestigiada como
uma das melhores do Brasil, esteja dando suporte institucional para um
evento criacionista que ocorrerá dia 17/10 dentro da série de debates chamados
de Fóruns Permanentes.
Trata-se do 1º Fórum de Filosofia e Ciência das Origens (espero que seja também o
último!).” Depois de questionar evento semelhante ocorrido na Universidade
Mackenzie, ele conclui: “Universidades
confessionais protestantes americanas de primeira linha como Harvard, Princeton
ou Yale jamais permitiram que um evento desse tipo ocorresse em suas
dependências” (grifo nosso).
A
conclusão dele é que esses assuntos deveriam se limitar ao interior de igrejas
ou instituições religiosas. Jamais deveriam adentrar os limites de uma
universidade como a Unicamp. Será?
Minha
resposta: o professor deveria se inteirar melhor disso antes de passar uma
visão distorcida a seus alunos e aos leitores de seu blog. Será que “universidades
de ponta” não se interessam por assuntos envolvendo Deus, religião e ciência?
Ele chega a dar como exemplo uma suposta mancha na reputação da UnB porque
sediou um Núcleode Estudos de Fenômenos Paranormais e pelo curso de extensão em Astrologia.
Veja, não sou astrólogo, paranormal nem simpatizante dessas correntes, mas devo
mostrar que as coisas não são como o professor apresenta.
Que
tal, então, esses casos? De 21 a 23 de outubro de 2001, Harvard (a mesma
instituição que ele afirmou jamais se prestaria a esse papel) sediou um
congresso intitulado “The Harvard Conference on Science and the Spiritual
Quest”, realizado no campus de Cambridge, MA. Igualmente, a Universidade de
Berkeley, na Califórnia, possui um programa acadêmico sobre “busca espiritual”
(Spiritual Quest Program SSQ) e um “Center for Theology and the Natural
Sciences”. Compensa dar uma olhada na página deles (http://www.ctns.org/ssq/) e ver como
Berkeley discorda do professor da Unicamp e leva para o Campus coisas que ele
sugere ficarem circunscritas aos limites de uma igreja ou instituição
religiosa. William D. Phillips, ganhador do prêmio Nobel de Física, participou
de vários eventos do SSQ e afirmou que a espiritualidade e a convicção
religiosa mantida por cientistas deveriam ser assuntos mais bem explorados em
universidades de renome.
Outro
programa de Berkeley em parceria com a prestigiada fundação John Templeton foi
o “Science and the Spiritual Quest II” (SSQII), realizado em 2003. E antes
dele, em 1988, uma conferência realizada pelo departamento de Física da
Universidade de Berkeley reuniu vários especialistas em cosmologia para que eles
apresentassem as implicações da espiritualidade em seus trabalhos acadêmicos e
a riqueza de se fazer ciência sem deixar de ser religioso. Muitos compareceram
como palestrantes, incluindo Allan Sandage, religioso praticante e ganhador do
prêmio Gruber de Astronomia.
Yale
realizou entre 11 e 14 de maio de 2000 uma conferência intitulada “The God in
Nature and Humanity: Connecting Science, Religion and the Natural World”. O
objetivo segundo os coordenadores era encontrar links entre ciência, religião e natureza.
Em
14 e 15 de setembro de 2006, Yale realizou outra conferência envolvendo design inteligente, criacionismo e
evolucionismo. O tema geral foi “The Religion and Science Debate: Why Does It
Continue?”. Outro congresso multidisciplinar realizado também em Yale, em 2000,
diretamente ligado ao tema do design,
foi o “Science and Evidence for Design in the Universe”. Alguns evolucionistas
tentaram alegar que esse congresso não ocorreu sob os auspícios da universidade,
mas apenas utilizou indevidamente seu nome. Isso não é verdade. Tanto que o
próprio site da universidade fez a propaganda do evento (confira),
e a Yale Law School Forum on Cultural and Academic Freedom era uma das
coordenadoras.
Mas
ainda que fosse como alguns dizem, torna-se curioso dizer que Yale nunca
escreveu nenhum parecer oficial desmentindo ou processando os coordenadores pelo
uso indevido de seu nome.
Ademais,
vários outros congressos de diversos temas e áreas são realizados como esse:
sediados por um braço da universidade e vinculados diretamente ao seu nome.
Esse é um procedimento normal e quem trabalha em universidades públicas ou
privadas sabe como funciona. Creio que esses exemplos são suficientes para
mostrar que o dito no blog do professor Leandro simplesmente não procede. Curiosamente,
nem Berkeley, Yale ou Harvard tiveram sua reputação manchada por sediar cursos,
centros e conferências envolvendo Deus, religião e ciência. Por que a Unicamp
ficaria?
O
professor também dispara preconceitos contra os palestrantes convidados, ao
afirmar: “Como mostrarei a seguir, nenhum dos palestrantes tem um perfil
acadêmico compatível com essa universidade, exceto pelo professor Marcos
Eberlin, do Instituto de Química da Unicamp, que participará da sessão de
abertura.”
Minha
resposta: são cinco os palestrantes convidados. Marcos Eberlin, que ele aceita
como exceção, é professor da Unicamp e é um deles. Mas o professor Leandro não
explica por que Eberlin (que tem o perfil acadêmico da instituição) estaria ali
entre os palestrantes de um evento tão “anticientífico”. Outro detalhe: O que
ele entende por “perfil acadêmico compatível com essa universidade”? Gostaria
que esclarecesse melhor, pois o prof. Humphreys, como ele mesmo admite, tem
doutorado em Física – área sobre a qual ele apresentaria sua palestra – e
possui “patentes e publicações em periódicos de seletiva política editorial,
especialmente na área de instrumentação”.
Leandro
se limita a dizer que o professor Nahor é doutor em Geociências, mas não diz
que foi pela USP e que ele foi professor na USP e na Unesp por 13 anos!
Curioso, serve para a USP, mas não tem o perfil necessário para a Unicamp!
Irônico!
Quanto
a mim (Rodrigo Silva), ele apenas diz que sou doutor em Teologia e apresentador
de programa de TV. Mas não afirma que tenho especialidade em arqueologia (tema
de minha palestra), nem que estou vinculado ao MAE (Museu de Arqueologia e
Etnologia) da USP, terminando um segundo doutorado em Arqueologia Clássica. Aliás,
estou envolvido com professores da USP, Unesp e do Ipen, numa pesquisa de
datação por luminescência (área de especialidade do dito professor), cujo
artigo sobre um artefato “bíblico” foi aceito para apresentação num congresso
internacional a ser realizado em Pernambuco, no fim deste ano.
Curioso
que é só clicar no nome de cada autor que o currículo Lattes ou do CNPQ
aparece. Mas ele usou as informações que lhe convinha. O Michelson (formado
pela UFSC), de fato, é o único que não leciona, mas sua participação seria como
jornalista e não como professor universitário. Seu tema também está
correlacionado com o que ele trabalha.
Bem,
se nenhum dos acadêmicos acima tem perfil para estar na Unicamp palestrando,
quem teria? Ademais, ninguém estava se preparando para pregar um “sermão”. As
apresentações eram de fundo exclusivamente acadêmico, como se pode ver pelos
resumos.
Além
disso, quando o professor questiona a “ausência” de artigos indexados
defendendo o DI ou o criacionismo, ele parece ignorar o monopólio evolucionista
de acadêmicos que, como ele, barram publicações que ofendem a boa reputação de
Darwin. Mas isso não é argumento algum. Seria o mesmo de dizer que o
protestantismo não possui teologia válida porque não encontramos em periódicos
católicos artigos defendendo a doutrina de Lutero!
Veja
que o próprio Francis Collins admitiu ter ficado por muitos anos calado em
relação à sua fé em Deus, porque sabia que se divulgasse isso antes de terminar
suas pesquisas ele seria, por preconceito, retirado do programa de mapeamento
do Genoma Humano. Ou, pior ainda, nem teria entrado nele!
Contudo,
há sim, exceções razoáveis ao generalizado preconceito, ou seja, artigos
contrários ao evolucionismo publicados em revistas indexadas. Veja uma lista
parcial deles em http://www.discovery.org/a/2640.
Continuando,
o professor ainda destaca: “Debater com eles [os criacionistas e partidários do
DI] é perda de tempo, pois não há evidência na Terra (ou no céu!) que os faça
rever seu modelo e suas posições, como os cientistas costumam fazer.” Mas, depois,
ele mesmo diz: “Infelizmente, o blog não é aberto para comentários, mas eu ia
propor que fizéssemos um debate verdadeiro e mais equilibrado em algum templo
(não numa univerisdade [sic]): 2 criacionistas e 2 cientistas abordariam
evolução e as origens do universo, seguido de um debate.”
Mas
é para debater ou não? Fiquei na dúvida do que o professor propõe. E por que na
universidade não e na igreja sim? Qual a diferença? Seus alunos não iriam a uma
igreja, seria isso? Seu interesse é ganhar adeptos? E mais: Que dicotomia mais
preconceituosa é essa? “2 criacionistas e 2 cientistas”? Não seria mais correto
– considerando nomes como o do professor e cientista Marcos Erbelin – dizer “2
cientistas criacionistas e 2 cientistas evolucionistas”? Caso contrário, professor
Leandro, em que grupo eu deveria colocar o professor Marcos?
Outro
detalhe: O que importa é o conteúdo ou o ambiente? Por que debater na igreja e
não na universidade?
Concluindo...
O professor Leandro escreve com uma arrogância tal que parece supor que ele (ou
pelo menos os que concordam com ele) detém a chave do conhecimento acadêmico e
o monopólio do saber universitário. Se for assim, gostaria de lembrar ao
distinto professor que foi exatamente contra essa postura imperialista e
autoritária que a universidade surgiu na Europa, reagindo contra o ditame das Universitas que eram pautadas pelo
medievalismo monopolizador do programa Roma
Locuta Finita Causa Est (Roma falou, está acabado!). Ou seja, somente o que
a Igreja aceitava com válido podia ser ensinado e discutido nas classes, o
resto era heresia.
Parece
que estamos voltando aos tempos medievais em que antigos bispos, censores e até
mesmo inquisidores da teologia são substituídos por neosacerdotes do ateísmo e
do evolucionismo, como o professor Leandro. Ele é a voz da ciência; ganhou
procuração para isso! Todas as conclusões devem concorrer para os ditames em que
ele mesmo acredita. Quem discordar dele está fora do jogo. Como isso me lembra
a máxima do passado “extra ecclesiam
nulla salus” (fora da igreja não há salvação). E antes que me acusem de
anacronismo, é bom argumentar logicamente por que seria um anacronismo e não
apenas dizer que é!
Ademais,
anoto o agravante de que a Unicamp é uma universidade pública e os recursos que
a sustentam e que, inclusive, pagam o salário do professor de Física são
justamente oriundos dos impostos de uma maioria teísta que ainda crê em coisas
que ele considera banais. E nessa maioria não há apenas gente “leiga”. Há
físicos, matemáticos, historiadores, filósofos, etc. que creem na criação ou no
design. Se quiser, dou de memória uma
lista enorme deles. Gente inclusive com mestrado e doutorado em reconhecidas
universidades públicas.
Engraçado, pois já vi todo tipo de reivindicações de alunos em
universidades públicas. Muitas legítimas, outras nem tanto. Mas nenhuma parece
chocar tanto o professor e seus adeptos quanto o tema de Deus relacionado à
ciência. Até a maconha está tendo seus adeptos e conseguindo seu espaço nas
discussões da universidade pública, mas Deus ainda tem de ficar de fora.
Veja
que contraste: entre 17 e 18 de maio de 2010, ocorreu na Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp) um simpósio internacional sobre a liberação do uso da
Cannabis (nome científico da maconha). Bem, o simpósio tinha como título o uso
“medicinal” regulamentado por uma agência brasileira que deveria ainda ser criada.
Contudo, deixe-me tecer dois comentários sobre isso: primeiro, tenho certeza de
que nem todos os especialistas concordariam com a proposta do evento ou com as
conclusões técnicas que muitos participantes defendiam, mesmo assim, o evento foi
realizado. Essa é a democracia do saber, pois, embora eu não diga com Nelson
Rodrigues que toda a unanimidade é burra, posso, pelo menos, dizer que em
muitos momentos a pluralidade de ideias (até mesmo divergentes) pode ser uma
fonte de riqueza intelectual. Posições divergentes são sempre bem-vindas ao
fórum acadêmico, principalmente se a instituição for pública, isto é,
pertencente ao povo que paga seus impostos.
Segundo
comentário: erra feio quem pensa que um simpósio como esse da Unifesp ficaria
apenas no âmbito científico. A pauta de blogs semelhantes a esse do professor
Leandro afirmava ser aquela uma iniciativa a favor dos movimentos
antiproibicionistas que lutam pela legalização do consumo de drogas no Brasil.
Aliás, como disse numa entrevista a neurocientista Cecília Hedin, que era na
época diretora do Instituto de Ciências Biomédicas da URFJ: “É comum o cientista
achar que não é seu papel participar desses debates, sem perceber que sua
disciplina é, muitas vezes, utilizada para justificar políticas públicas.
Muitos se julgam neutros, mas raramente um de nós de fato é.”
Veja,
não estou emitindo juízo de valores sobre a questão da maconha, pois esse não é
o assunto deste texto. Apenas faço essa comparação para mostrar a postura de
contradição de professores intolerantes, como alguns da Unicamp. Maconha pode
ser discutida, Deus não! Religião, como o professor Leandro defende, é coisa
para ser confinada às igrejas, não à universidade. Ora, se fosse assim, Deus
não deveria ser mencionado para nada! Silêncio total. Mas, contradizendo isso,
o Criador é muito mencionado nas aulas de professores ateus. Ele é mencionado
para ser desacreditado, desmentido, desautorizado. Duvido que o professor
Leandro nunca tenha em sala de aula repelido com força o criacionismo diante de
seus alunos ou desdenhado do relato do Gênesis. Mas, deixe-me ver se entendi:
“Deus e o Universo” não constitui tema para um ambiente universitário. A menos
que seja para construir toda uma tese provando para os alunos que tal coisa não
existe.
Que
estranho comportamento acadêmico. Só deixo que meus alunos tenham acesso ao que
eu mesmo creio como sendo verdadeiro. O que os demais dizem eu me limito a
invalidar sem provar porque é errado. Isso é retórica acadêmica e não método
científico. É muito fácil falar mal dos “outros” sem deixar que eles mesmos
apresentem suas razões. Se tudo o que meus alunos souberem dos “outros” se
limitar ao que “eu digo dos outros” – e digo como bem entender –, posso levá-los
a preconceitos e chauvinismos recheados de argumentação pseudocientífica.
Isso
é o que alguns chamam de “advento do marxismo cultural” da ex-URSS, onde
professores com cartilhas e dogmas supostamente “comprovados” se infiltram
através de concursos em universidades públicas; afirmam que isso e isso é
politicamente correto, que isso e isso é cientifico, e o resto é lixo! Então
constroem a proposta do que consideram a sociedade perfeita, depois lavam o
cérebro dos alunos com toda essa eloquência e, como resultado, criamos uma
sociedade desajustada. Perfeitos ignorantes com diploma nas mãos; alunos não
reflexivos que se limitam a repetir o que o professor diz, pensando não por si
mesmos, mas tornando-se refletores do pensamento alheio.
Como
os valores espirituais são coisa que pertence às igrejas, o ensino da ética
também fica bastante limitado e o resultado não é nada animador. Um exemplo
disso é que, no passado, quebra-quebra como o que vimos nas manifestações
recentes seria reputado como “falta de cultura” e “falta de educação”. Agora
nos surpreende o elevado número de universitários entre os arruaceiros.
Educação é tudo? Estamos cumprindo mesmo nosso papel?
Ora,
professor Leandro, ninguém pode rejeitar conscientemente o que não conhece. Se
você quiser mesmo que seus alunos rejeitem as propostas não darwinistas da
origem do Universo, deveria deixar que eles ouvissem os argumentos e decidissem
por si mesmos, e não que repetissem como gravadores as coisas que o senhor
mesmo diz em sala de aula – certamente repetindo sem questionar a mesma
cartilha que um dia escutou.
Será
que seus alunos saberiam dar um exemplo concreto, observável e científico de
macroevolução darwinista? Veja, eu disse macroevolução!
Por favor, não fique girando em torno de bactérias e amebas que se modificaram
com o passar dos anos! Isso eu também aceito, mas não é bem o que o
evolucionismo clássico diz, pois a bactéria, ainda que mudada, continua
bactéria; a ameba modificada continua ameba. Refiro-me a mudanças de espécie em
que o réptil realmente virou pássaro; e um anfíbio virou mamífero terrestre.
Uma
parábola para terminar. Imagine que ETs chegassem à Terra daqui a dois mil anos
e não encontrassem mais seres vivos no planeta. Eles viriam o avião e
analisariam tudo o que ele contém: asas, motor, rádio, trem de pouco, etc. É
uma máquina perfeita. Como foi feito? Como surgiu? Ninguém tem uma resposta
definitiva, pois não estavam aqui em nosso tempo nem visitaram a fábrica da
Embraer ainda em funcionamento.
Então,
um grupo, partindo da lógica, deduz que alguém – provavelmente um ser humano
inteligente – fez o avião. Mas outro grupo, mais politicamente engajado,
prefere negar a existência de “inventores ou fabricantes do avião”, afirmando
que ele é fruto do acaso e que não precisamos de fabricantes para justificar
sua existência.
“Mas
a lógica de sua engenharia supõe um engenheiro”, diz o primeiro grupo. “Ora,
isso é pseudociência”, diz o segundo. “Já provamos que o avião é fruto de uma
série de mudanças acidentais que geraram essas máquinas que hoje conhecemos.” Prova
por prova, nenhum dos grupos têm. Mas creio que a lógica faz supor a primeira
opção. Afinal de contas, creio que nem mesmo o professor Leandro aceitaria
dizer que a existência do avião dispensa a existência de um fabricante. Ele é
muito complexo para ser fruto do acaso!
Mostre-me
“cientificamente” – não filosoficamente – a possibilidade de um avião alguma
vez ser fruto do acaso cego e eu passarei seriamente a acreditar que o pássaro
também pode ser. Até lá! Não chame de científico o que não foi cientificamente provado,
nem arvore para si a monopolização do saber. A Idade Média, companheiro, já
ficou para trás.
(Rodrigo Silva possui
graduação em Teologia pelo Instituto Adventista de Ensino do Nordeste [1992],
graduação em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção [1999], mestrado em
Teologia Histórica pelo Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus
[1996], doutorado em Teologia Bíblica [2001], estudos pós-doutorais com
concentração em arqueologia bíblica pela Andrews University, EUA [2008], e atualmente
está cursando doutorado em arqueologia clássica pela Universidade de São Paulo.
É professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo – Campus Engenheiro
Coelho, SP [Unasp], curador do Museu Paulo Bork de Arqueologia do Oriente Médio
e apresentador do documentário semanal Evidências, pela TV Novo Tempo)