Projetado para receber vida |
Você
já se perguntou por que, de todas as maneiras que a realidade pode ser, nós
vivemos em três dimensões, em vez de duas, ou quatro, ou 1.800? Estamos
acostumados a nos mover para cima e para baixo, para a esquerda e para a
direita, ou ainda para frente e para trás, mas não somos capazes de realizar um
movimento “hiper-para cima” ou “hiper-para baixo”. Por que isso (não) acontece?
O que há de tão especial em nossas ordinárias três dimensões? A resposta mais
fácil é a de que nós simplesmente evoluímos para viver em um universo
tridimensional, de modo que este é o Universo que nós percebemos [a resposta
mais fácil sempre é esta: evoluímos]. Se o Universo tivesse apenas duas
dimensões, nós também seríamos bidimensionais. E o mesmo aconteceria com quatro
dimensões. No entanto, devemos admitir que essa é uma explicação tosca [como
tantas outras que têm que ver com a palavra “evolução”]. Afinal, ela
basicamente diz que somos do jeito que somos porque nosso Universo é assim e se
nosso Universo não fosse assim, ele seria diferente. Jura?
Por
sorte, há uma maneira mais inteligente de olhar para essa questão. Pode parecer
que espaços de diferentes dimensões são praticamente iguais, mas existem
diferenças essenciais entre eles – como, por exemplo, o conceito de rotação. Num
ambiente 2D, você pode rotacionar um objeto apenas em sentido horário ou
anti-horário. E se você pegar uma figura e virá-la um quarto de volta em
sentido horário e, em seguida, meia volta em sentido anti-horário, você tem o
mesmo resultado do que se você fizer o movimento na ordem inversa. Entretanto,
no caso de um objeto tridimensional, as rotações feitas em ordem inversa
resultam em posições diferentes.
Coisas
bem importantes para nós, como a gravidade, se comportam de forma distinta em
universos de diferentes dimensões. Por exemplo, no nosso ambiente 3D, a força
da gravidade entre dois objetos depende da distância entre eles ao quadrado. Em
duas dimensões, está ligada apenas à distância, enquanto em um universo 4D, a
gravidade dependeria da distância elevada ao cubo.
Isso
significa que, se o nosso Universo fosse bidimensional, a gravidade como
conhecemos seria demasiadamente forte para o surgimento de coisas como o
sistema solar. Em uma realidade 4D, por outro lado, a gravidade seria fraca
demais. Ou seja, é apenas em um universo
tridimensional que a gravidade possui a força adequada para manter todos os
planetas flutuando da maneira como fazem agora.
Neste
momento, porém, nós mudamos a pergunta de “por que nosso Universo é 3D?” para
“por que apenas um universo 3D possui a gravidade perfeita para a nossa
existência?”. Na realidade, o fato de objetos 2D e 4D serem diferentes dos
tridimensionais pode nos levar a uma reflexão mais profunda: o espaço talvez
não seja o elemento mais importante do Universo. Em vez disso, é capaz que
nosso Universo seja baseado em algum processo mais profundo, como as leis de
matemática da física quântica.
Além
disso, é perfeitamente possível que o espaço, na realidade, não exista. Ele
seria apenas uma ideia que os humanos construíram para manter o controle das
relações entre diferentes objetos. A verdade
sobre o universo ainda está além de nossa compreensão.
Nota:
Quanto mais estudam o Universo e pensam sobre ele, mais os cientistas revelam o
fato (mas não sei se se dão conta disso ou o ignoram) de que ele foi projetado
para funcionar assim e receber e manter a vida. É como se o Universo “soubesse”
que nós habitaríamos nele. Qualquer variação nas constantes universais ou na
dimensionalidade do cosmos tornaria a vida inviável aqui. O que isso lhe
sugere? [MB]