Desde
que fiz pesquisas para escrever o livro Nos Bastidores da Mídia (cuja
primeira edição foi publicada em 2005), tenho acompanhado com muito interesse
os desdobramentos da luta entre o bem e o mal, na imprensa e nas produções de
entretenimento. A intensificação do engano (o que chamo no livro de a “tríade
filosófica do mal”) é notória e o inimigo de Deus cada vez mais coloca suas
garras de fora. Na literatura, personagens que antes lidavam com bruxaria e
vampirismo (contribuindo para divulgar esses conteúdos satanistas) agora são
anjos caídos com uma causa “justa” e “defensável”, como na série “Fallen”. No
cinema, a explosão de produções espíritas e ocultistas fala por si mesma. E nos
quadrinhos a coisa não é diferente.
Em
1992, o Superman morreu para, depois, ressuscitar (não sem antes os autores das
histórias explorarem a “vida após a morte” do personagem). O personagem Spawn é
um agente da CIA que morre, vai para o inferno, faz um acordo com o diabo e
volta cheio de poderes para combater o crime (mais ou menos como o Motoqueiro
Fantasma)! A Supergirl também teve sua experiência com o capeta. Na introdução
da saga “Os últimos dias” (2003), é dito: “Aproveitando-se da falta de fé de
Linda [Danvers], um demônio chamado Buzz tentou seduzi-la a ingressar num culto
satânico, com o único objetivo de sacrificá-la para conjurar uma entidade
conhecida como Lorde Chakat.” Anos depois, foi a vez do Homem-Aranha meter-se
com satanismo e fazer, ele também, um pacto com o diabo!
Em
novembro de 2007 (novembro de 2008, no Brasil), a Marvel decidiu mudar tudo na “vida”
do escalador de paredes, com a história “Um Dia a Mais”. E quem ela recrutou
para fazer isso? O demônio Mefisto. Com sua tia idosa baleada e à beira da
morte, Peter Parker (o alter ego do Homem-Aranha) resolveu recorrer ao maligno
em busca de cura. Após o pacto com Mefisto, toda a “realidade” foi modificada e
fatos importantes da vida do herói mascarado foram completamente alterados. Exemplo:
o casamento de Peter com Mary Jane nunca aconteceu (e isso foi parte do preço
pago ao diabo), a tia dele não morreu (aqui o maligno cumpriu sua parte no
trato), a identidade do Aranha (revelada na saga “Guerra Civil”) não mais é
conhecida por todos, etc. A ideia dos criadores das histórias do Homem-Aranha
foi reformular e simplificar o universo do personagem – para vender mais gibis,
evidentemente. Mas apelando ao demônio?
Isso
é coisa que um herói faça? Para salvar a tia já bem adiantada em anos, abre mão
de sua amada, de seu casamento e de seu mundo! Em troca de mais alguns anos de
vida para a tia, Peter Parker se vende ao diabo e deixa, com essa história, a
sugestão de que o inimigo é todo-poderoso, capaz não apenas de conceder vida a
quem está à beira da morte, mas também de mudar toda a realidade.
Alguma
dúvida sobre quem está inspirando essas produções? Alguma dúvida sobre quem tem
grande interesse em tornar o grande conflito historinha pra nerd dormir? Aos
poucos e por meio das mais variadas produções midiáticas, o inimigo de Deus vai
popularizando (ou banalizando) sua causa. Quem não for atraído por ela ou com
ele se identificar vai, no mínimo, considerá-la brincadeira de criança. De uma
ou de outra forma, Satanás acaba na vantagem.
Deus
nos livre de tudo isso!