Em
um novo estudo, cosmólogos usaram as propriedades matemáticas da eternidade
para mostrar que, apesar de o Universo poder durar para sempre, ele deve ter
tido um começo. O Big Bang tornou-se parte da cultura popular desde que a
expressão foi cunhada pelo físico Fred Hoyle, nos anos 1940, e representaria o
nascimento de tudo. No entanto, o próprio Hoyle preferia muito mais um modelo
diferente do cosmos: um universo de estado estacionário, sem começo nem fim,
que se estende infinitamente para o passado e para o futuro. Essa ideia,
entretanto, nunca vingou. Mas nos últimos anos, os cosmólogos começaram a
estudar uma série de novas ideias com propriedades semelhantes. Curiosamente,
essas ideias não entram necessariamente em conflito com a noção de um Big Bang.
Por
exemplo, uma ideia é que o Universo é cíclico, com big bangs seguidos de “big
crunches” (crises) seguido de big bangs em um ciclo infinito. Outra é a noção
de inflação eterna, em que as diferentes partes do Universo se expandem e
contraem em taxas diferentes. Essas regiões podem ser pensadas como universos
diferentes em um multiverso gigante. [Tudo hipóteses sem confirmação empírica
ou evidências sólidas, ressalte-se.]
Assim,
embora pareça que vivemos em um cosmos que se expande, outros universos podem
ser muito diferentes. E enquanto o nosso universo pode parecer que tem um
começo, o multiverso não precisa ter um começo. [Essa é demais!]
Por
fim, há a ideia de um universo emergente que existe como uma espécie de semente
para a eternidade e, de repente, se expande.
Essas
teorias cosmológicas modernas sugerem que a evidência observacional de um
universo em expansão (como o nosso) é consistente com um cosmo sem começo nem
fim. Mas não é bem assim. Audrey Mithani e Alexander Vilenkin, da Universidade
Tufts em Massachusetts, EUA, dizem que todos os modelos propostos são
matematicamente incompatíveis com um passado eterno. A análise dos
pesquisadores sugere que esses três modelos do Universo devem ter tido um
começo.
Seu
argumento está centrado sobre as propriedades matemáticas da eternidade – um
universo sem começo e sem fim. Tal universo deve conter trajetórias que se
estendem infinitamente no passado. No entanto, Mithani e Vilenkin lembram que
esse tipo de trajetória do passado não pode ser infinita se for parte de um
universo que se expande de uma maneira específica.
Universos
cíclicos e universos de inflação eterna se expandem dessa forma específica.
Então, esses tipos de universo não podem ser eternos no passado, e devem,
portanto, ter tido um começo. “Embora a expansão possa ser eterna no futuro,
não pode ser estendida indefinidamente para o passado”, dizem eles.
Esses
modelos podem parecer estáveis do ponto de vista clássico, mas são instáveis do
ponto de vista da mecânica quântica. A conclusão é inevitável. “Nenhum desses
cenários pode realmente ser eterno no passado”, diz Mithani e Vilenkin.
Como
a evidência observacional é que o nosso universo está se expandindo, então ele
também deve ter nascido em algum ponto no passado. Não adianta fugir dele...Voltamos
para o Big Bang.
Nota: Hoyle
preferia um universo sem começo nem fim, que se estende infinitamente para o
passado e para o futuro. Mas, se o Universo fosse eterno para o passado, como
explicar o fato de que estamos aqui, neste momento? Imagine peças de dominó
empilhadas numa fileira, uma após a outra. Você conhece a brincadeira. Agora
imagine que uma das pontas da fileira se estendesse ao infinito. Derrubando-se
a primeira peça (seja lá onde ela estivesse, já que estaria no infinito), algum dia seria possível que as peças do presente
fossem derrubadas pelo efeito dominó? Isso nunca aconteceria, pois infinito não
tem começo. Da mesma forma, se nosso universo fosse infinito, não estaríamos
aqui contando o tempo. Mithani e Vilenkin concluíram o que os teístas têm dito
desde sempre: o Universo foi criado em algum tempo passado. Por que criado?
Simples: tudo o que teve um começo tem que ter uma causa (conhece algo que teve
um começo e passou a existir do nada?). Se o Universo teve um começo (e tudo
indica que teve), qual foi a causa dele? Você percebe por que a imaginação
naturalista simpatiza com a hipótese metafísica dos multiversos? Eles precisam
dela para fugir do óbvio e impedir que Deus coloque o pé na porta, abrindo uma
fresta para o transcendente que eles negam a
priori.[MB]