Certa
vez, assisti ao filme Contato (1997), baseado no livro homônimo do famoso
divulgador da ciência Carl Sagan (1934-1996). Apesar do fundo alienígena, o
filme possui um conteúdo muito inteligente e conduz o telespectador a
interessantes reflexões. Mas, neste momento, gostaria de
chamar a atenção para a ideia mestra do filme. Uma radioastrônoma, Dra.
Eleanor, interpretada por Jodie Foster, recebe um sinal oriundo do espaço, e
nele há uma série de números primos. Em seguida, uma mensagem contendo um vídeo
é decodificada, revelando o complexo projeto de engenharia de uma máquina que
aparenta ser um portal, que através de dobras no tempo poderia levar o
tripulante para locais desconhecidos no espaço sideral.
Veja
bem, segundo a história, um conjunto de números primos seguidos por projetos de
estruturas tecnológicas complexas é naturalmente compreendido como um sinal de
que há uma mente superior e inteligente responsável por essa mensagem. Agora,
que tal analisarmos a história da ciência que, desde a Antiguidade, já
interpretava sinais claros de complexidade matemática presente na natureza?
A
proporção áurea (ou proporção de ouro), por exemplo, na qual uma série de
números, ou comprimentos geométricos, possui uma razão que se aproxima de um
valor constante. Observe a série de Fibonacci: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, ao
dividirmos um número da série por seu antecessor o resultado, conforme o número
avança na série, se aproximará mais ainda do valor 1,618033. Esse valor é
chamado de número de ouro. Por quê? O que há de tão especial nesse arranjo
matemático? Se ficássemos apenas nesse ponto, nada, mas quando observamos
inúmeros exemplos na natureza, de animais e vegetais que possuem proporção
áurea, isso se torna muito interessante.
Por
exemplo, pode observá-la em caracóis, no abacaxi, na posição da arcada dentária
do ser humano, na distribuição das folhas nos galhos de algumas árvores, no
girassol, etc. Como explicar a presença de uma organização matemática tão
sofisticada presente em objetos naturais e imitada em obras por artistas e
engenheiros do quilate de Da Vinci?
Mas
a complexidade matemática presente na natureza não fica por aí. Desde Johannes
Kepler (1571-1630), quando ele descreveu o movimento dos planetas por meio de
leis matemáticas claras, as famosas leis de Kepler, seguido por mentes como a
de Isaac Newton, que descobriu a lei da gravitação universal, entre outras
teorias, a ciência nos vem apresentando sinais - não vindos do espaço - com
profunda inteligibilidade. No entanto, chegamos ao ponto de dizer: tudo é fruto
do acaso! Para entender a gravidade dessa afirmação, que tal imaginar a Dra.
Eleanor, após receber o sinal de rádio extraterrestre, declarando: “Não creio
que esse conjunto de números complexos, essa mensagem de vídeo e o projeto dessa
máquina tecnológica foram feitos por alguém inteligente. Deve ser apenas uma
interferência de sinais oriundos de fenômenos naturais, ainda desconhecidos,
que se uniram e formaram esse padrão.”
Acho
que você entendeu. Portanto, não vejo a ciência como um instrumento para nos
separar do Ser responsável pela criação de tudo, mas uma excelente oportunidade
de nos aproximarmos dEle e o apresentarmos a outros. É por essa razão que a
chamo de “a maior declaração da presença de Deus”.