“E
este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações, então virá o fim.” Mateus 24:14
A
Grande Esperança é um programa que tem mudado a história da igreja,
especialmente no território da A Divisão Sul-Americana (DSA). A DSA é hoje uma
das divisões do mundo que mais tem enviado missionários para lugares onde ainda
não há liberdade de se falar abertamente sobre o cristianismo; lugares em que
ainda há falta de líderes locais habilitados. Hoje, temos uma responsabilidade
e o compromisso com a igreja mundial. Por muitos anos, os missionários
dedicaram a vida para trazer esperança ao território da DSA. Agora chegou a vez
de fazer nossa parte.
No
ano de 2011, em um dia histórico, foi votado na Comissão Diretiva da DSA enviar
quatro missionários com recursos próprios da DSA à recém-criada União do
Oriente Médio, hoje chamada de MENA, União do Oriente Médio e África do Norte.
Esses missionários estão hoje envolvidos em projetos que têm atendido comunidades
nas áreas de saúde, educação, família,
mas, acima de tudo, esses missionários têm sido usados para levar esperança a corações
sinceros e desejosos de conhecer mais sobre o plano da salvação. Muitos desses países
são áreas de alto risco. A vida e a família desses missionários estão
constantemente nas mãos de Deus e os riscos são diários.
Tive
o privilegio de participar desse voto histórico. Como missionário, sabia dos
desafios que essas famílias iriam enfrentar. Participei da seleção dos
candidatos e, ao olhar as fotos das esposas e dos filhos, sabia que muitos
estavam indo sem saber se voltariam. O
que eu não sabia é que um mês depois, em dezembro de 2011, eu e a Cleidi (minha
esposa) estaríamos também recebendo um chamado para retornar aos campos missionários.
Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas, em nosso caso, isso
aconteceu.
Como
família ministerial, nunca fizemos planos de ser missionários. Nunca fizemos
uma oração sequer para que Deus nos desse esse desafio, mas nossa oração
ministerial sempre foi baseada em Salmo 37:5: “Entrega teu caminho ao Senhor,
confia nEle, e o mais Ele fara.” Tenho a convicção de que todo aquele que
decide firmar o compromisso de trabalhar para o Senhor deve também estar ciente
de que quando Deus chama, Sua voz precisa ser obedecida. Nosso maior chamado não
é o de ir a lugares distantes. Não é o de fazer grandes sacrifícios pela causa do
Mestre. Nosso maior chamado é para a total obediência e submissão completa à
vontade de Deus em nossa vida.
No
ano de 2003, recebi um chamado para servir como secretario ministerial na Mongólia.
Ficamos lá por seis anos. Retornamos ao Brasil no fim de 2009. Tive o privilégio
de pastorear a Igreja Central de Curitiba antes de ser chamado para servir na DSA,
em 2011. Para nossa surpresa, no fim do ano de 2011, fomos novamente chamados
para a Mongólia, desta vez como presidente da Missão. O desafio agora não era
de aceitar ou não um chamado, mas de voltar para um dos lugares mais
desafiadores de se viver no mundo.
A
Mongólia está localizada entre duas grandes potências do mundo: ao sul está a
China e ao norte, a Rússia. Tem a capital mais fria do mundo, Ulan Bator, com
um dos invernos mais longos e rigorosos. As temperaturas por seis meses variam
entre 20 e 50 graus negativos.
O
cristianismo é uma religião relativamente nova na Mongólia, e ainda é visto
como uma “religião estrangeira”. Mais da
metade da população é budista. Uma grande porcentagem e ateísta. Hoje, a religião
que mais cresce é o shamanismo, na qual a invocação de espíritos e uma das práticas
comuns. Mesmo sendo considerada hoje como tendo um sistema de governo democrático,
na Mongólia a religião é controlada e aos poucos se vê um apoio forte para que
essas religiões sejam adotadas como oficiais no país.
A
Igreja Adventista se estabeleceu na Mongólia no inicio dos anos 1990, logo após
a queda do comunismo. Um jovem casal de voluntários decidiu vir para cá por
conta própria e trazer esperança a estes confins do mundo. Brad and Cathye
Jolly chegaram à capital do país no ano de 1992 e o trabalho foi iniciado de
forma lenta, mas consistente. Brad começou a estudar a língua local e a
traduzir alguns livros, entre eles Caminho
a Cristo, de Ellen White. Cathye começou a ensinar inglês e a dirigir um
pequeno grupo. Em 1993, as primeiras três pessoas foram batizadas.
Infelizmente, Brad contraiu câncer, e mesmo não querendo sair do país, teve que
retornar aos Estados Unidos onde acabou vindo a falecer. Então, no ano de 1998,
a Associação Geral enviou o primeiro missionário para estabelecer as estruturas
básicas da Missão.
Hoje
temos 24 centros nos quais nossos dois mil membros se reúnem a cada semana para
adorar a Deus. Temos a Adra, nossa agência humanitária que e muito bem
reconhecida pelo governo local. A escola adventista foi estabelecida em 2009 e
hoje temos o reconhecimento oficial do governo e quase cem alunos.
A
Mongólia é um país de nômades, onde a criação de animais ainda é a fonte de
renda da maioria das pessoas. Isso faz com que seja difícil estabelecer
igrejas, pois onde os nômades estão localizados hoje não será o mesmo lugar em que
estarão amanhã, devido aos grandes desafios climáticos do país.
Essa realidade tem mudado, pois grandes companhias multinacionais têm descoberto imensas minas de preciosos recursos naturais, e investimentos bilionários estão sendo feitos para a extração desses minérios. Isso tem levado a maioria da população a ver nesses projetos a oportunidade de uma vida mais confortável e mais estável. Automaticamente, isso tem levado a população a não mais ver a religião como uma necessidade primaria.
O
grande desafio hoje é estabelecer a igreja de forma a ser mais relevante para a
comunidade e a forma de eles pensar e de ver o mundo. Para a grande maioria dos
Mongóis, não há problema em se falar de religião. O desafio é fazer com que o
evangelho seja entendido. Como explicar o sacrifício de Jesus a uma sociedade
que crê que se um deus more, na verdade, ele não era um deus poderoso, pois
apenas deuses fracos morrem? Então se Cristo morreu, Ele não era um deus
merecedor de ser seguido. Como falar de Jesus ao um povo que até poucos anos atrás
nunca ouviu falar de Jesus? Esse é o nosso grande desafio, mas onde existem
grandes desafios, ali também encontramos grandes possibilidades.
A
Mongólia tem apenas três milhões de habitantes, e a maioria dos Mongóis vive na
China, na região chamada Inner Mongolia. São quase vinte milhões. Como os Mongóis
têm acesso livre à China, temos treinado nossos pastores e líderes para irem a
essas regiões da China e levar a eles a esperança e a verdade. Como esses vinte
milhões de mongóis/chineses falam o Mongol, mas também o Mandarim, poderão no
futuro próximo compartilhar essa esperança com os mais de 1,3 bilhão de
habitantes na China.
A
forma como temos buscado implementar e consolidar a igreja na Mongólia é por
meio de atividades relevantes que atraiam as pessoas para nós e, consequentemente,
para Jesus. Ellen White é clara ao falar do melhor método de evangelismo: “Unicamente os métodos
de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador
misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava
simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a
confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me’ (Jo 21:19). Assim
deve ser conosco. Onde quer que estejamos, devemos vigiar as oportunidades de
falar do Salvador a outros” (Serviço
Cristão, p. 119).
Para
isso, é preciso que tenhamos pessoas como Isaías. Jovem ainda, inteligente, cheio
de sonhos e aspirações para sua vida futura. Um jovem que vivia em uma
sociedade secularizada, questionadora e materialista, como a nossa sociedade
hoje. Mas um jovem que decidiu buscar o reino de Deus em primeiro lugar (Mateus
6:33). Um jovem que decidiu ir à igreja, e por ir à igreja, teve uma visão que
mudou para sempre sua vida (Isaías 6:1-8). Um jovem que por ir à igreja ouviu a
voz de Deus. Um jovem que ao ouvir a voz de Deus decidiu deixar seus sonhos
humanos de lado e sonhar os sonhos divinos. Um jovem que decidiu se aventurar
nos braços do Senhor ao responder ao chamado: “A quem enviarei, e quem há de ir
por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim” (Isaías 6:8).
Quando
o evangelho for literalmente levado aos quatro cantos da terra, então virá o
fim. Ou melhor, então vira o começo. O começo da realização de nossa tão
sonhada e aguardada esperança. Para que isso aconteça, é necessário que todo o
filho e filha de Deus que anseia pelo céu se envolva e se comprometa com
objetivo de apressar esse tão sonhado dia.
Comprometa-se
com a comissão evangélica deixada por Cristo e decida colocar todos os talentos,
tempo e recursos a serviço do Mestre, para que muito em breve a grande esperança
de ver Jesus seja realizada.