“O
quadro atual de como e onde a evolução opera, e como isso modela os genomas, é
algo bagunçado... Raramente um sussurro desse debate vibrante chega ao público.
Tome, por exemplo, a descrição do biólogo evolucionista Richard Dawkins feita
ano passado na revista Prospect sobre
o gene como um replicador com ‘seu status
exclusivo de uma unidade de seleção darwiniana’. Isso evoca o quadro há décadas
de um pequeno trecho de intenção autônoma do DNA em copiar a si mesmo, sem
nenhuma indicação de que a seleção opera em todos os níveis de hierarquia
biológica, inclusive o nível 2 supraorganismal, ou que a própria ideia de ‘gene’
se tornou problemática.
“Por
que essa relutância aparente em reconhecer a complexidade? Um obstáculo pode
ser o sentimentalismo. A biologia é tão complicada que pode ser profundamente
penoso para alguns ter que abandonar a promessa de um mecanismo elegante
fundamental.
“Em
cosmologia, um só fato destruidor (a expansão acelerada do Universo) reescreveu
prontamente a narrativa. Mas, em evolução molecular, os argumentos antigos, por
exemplo, sobre a importância da seleção natural e a deriva genética na condução
da mudança genética, estão colidindo agora com questões sobre o RNA não codificante,
epigenética e a teoria da rede genômica. Ainda não está clara qual a nova
história a ser contada.”
(“DNA: Celebrate the
unknowns”, Philip Ball, Nature 496, 419-420 (25 April 2013) doi:10.1038/496419a,
Published online 24 April 2013. Nesse artigo [“Celebrando os 60 anos da dupla
hélice”], Philip Ball foi contundente: não entendemos totalmente como a
evolução opera em nível molecular.)
Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: “Philip Ball, sem querer querendo, jogou de vez na lata do lixo
da História da Ciência a alegação de que a teoria da evolução é uma teoria
científica tão corroborada como a lei da gravidade e assim como a Terra gira em
torno do Sol. Gente, queria ver a cara de alguns cientistas da Nomenklatura
científica e a galera dos meninos e meninas de Darwin que a cada dia mais ficam
sem pai nem mãe, oops!, sem contra-argumentos. E a nova teoria geral da
evolução – a Síntese Evolutiva Ampliada (Estendida) – que somente será
anunciada em 2020? Como está sendo feito biologia evolucionária se a ciência abomina o vácuo epistêmico? Pano rápido:
os cientistas não entendem totalmente como a evolução opera em nível molecular.