Com
a tese da complexidade irredutível defendida em seu livro A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução, Behe aceitou o desafio de
Darwin: “Se pudesse ser demonstrada a existência de
qualquer órgão complexo que não poderia ter sido formado por numerosas,
sucessivas e ligeiras modificações, minha teoria desmoronaria por completo.”[1]
Behe define assim seu conceito de complexidade irredutível: “Com
irredutivelmente complexo quero dizer um sistema único composto de várias
partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função
básica, caso em que a remoção de uma das partes faria com que o sistema
deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema irredutivelmente complexo
não pode ser produzido diretamente [...] mediante modificações leves,
sucessivas de um sistema precursor de um sistema irredutivelmente complexo ao
qual falte uma parte é, por definição, não funcional. Um sistema biológico
irredutivelmente complexo, se por acaso existir tal coisa, seria um fortíssimo
desafio à evolução darwiniana.”[2]
Para
Behe, a complexidade irredutível é um indicador seguro de design. Um sistema bioquímico irredutivelmente complexo que Behe
considera é o flagelo bacteriano. O flagelo é um motor rotor movido por um
fluxo de ácidos com uma cauda tipo chicote (ou filamento) que gira entre 20.000
a 100.000 vezes por minuto e cujo movimento rotatório permite que a bactéria
navegue através de seu ambiente aquoso.
Behe
demonstra que essa maquinaria intrincada, incluindo um rotor (o elemento que
imprime a rotação), motor molecular, um estator (o elemento estacionário),
juntas de vedação, buchas e um eixo-motor exige a interação coordenada de pelo
menos quarenta proteínas complexas (que formam o núcleo irredutível do flagelo
bacteriano) e que a ausência de qualquer uma delas resultaria na perda completa
da função do motor. Ele argumenta que o mecanismo darwinista enfrenta graves
obstáculos em tentar explicar esses sistemas irredutivelmente complexos.
No
livro No Free Lunch,[3] William
Dembski demonstra como a noção de complexidade irredutível de Behe se constitui
numa instância particular de complexidade especificada.
Assim
que um componente essencial de um organismo exibe complexidade especificada,
qualquer design atribuível àquele
elemento passa para o organismo como um todo. Para atribuir design a um organismo, ninguém precisa
demonstrar que cada aspecto do organismo tem design intencional.
O
desafio da complexidade irredutível para a evolução darwiniana é real, e é
falso afirmar que a tese de Behe foi refutada: “Não existem relatos darwinianos
detalhados para a evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular
fundamentais, somente uma variedade de ‘wishful
speculations’ [especulações]. É notável que o darwinismo seja aceito como
uma explicação satisfatória para um assunto tão vasto – a evolução – com tão
pouco exame rigoroso de quão bem suas teses funcionam em iluminar instâncias
específicas de adaptação ou diversidade biológicas.”[4]
Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: “O Professor Dr. Michael Behe é o
palestrante principal do 4º Simpósio Internacional Darwinismo Hoje, a ser
realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, de 22 a 24 de
outubro de 2012. Inscrições aqui.”
Nota:
Em meu livro Por Que Creio, publiquei
uma entrevista exclusiva com o Dr. Michael Behe (confira).[MB]
Referências:
1. BEHE, Michael. A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 24, citando Darwin no Origem das Espécies.
2. Ibid, p. 48.
3. DEMBSKI, William. No Free Lunch. Lanham, MD: Roman & Littlefield Publishers, Inc., 2002, Cap. 5: “The Emergence of Irreducibly Complex Systems”, p. 239-310.
4. SHAPIRO, James. “In the Details... What?”, in National Review, 16 set. 1996, p. 62-65.