“Passo
por cima das inúmeras páginas bastante confusas nas quais Dennett se exprime
com deleite, porque essa é a sua especialidade, a filosofia, e vê-se claramente
que assim é! Há apenas um aspecto, contudo essencial, que não parece ter sido
suficientemente estudado: a noção de acaso. E aqui que se deve apelar aos
físicos... E se o acaso não existisse sob a forma ingênua que lhe dão os
darwinistas? O físico não observa o acaso puro, apenas tem perante si leis
matemáticas muito precisas. Renunciemos, pois, de uma vez por todas à ideia
democriteana dos átomos que caem no vazio, chocando-se uns com os outros ao
acaso; justamente, não é ao acaso que eles chocam... Pensa o leitor que é ao
acaso que o oxigênio se liga ao hidrogênio, formando a água? Não há nada tão
preciso nem tão estritamente delimitado como as ligações químicas. E, mesmo
quando se trata dos átomos que se procura fazer chocar nos grandes colisores,
pensa o leitor que os produtos da colisão equivalem, indiferentemente, seja ao
que for? Desde a união dos dois primeiros átomos que apareceram as leis, e sem
essas leis não haveria ciência, nem física, nem o universo (pode se reconhecer
aqui a posição ‘platônica’, cara a grandes espíritos, como Penrose)... Mas os
darwinistas serão os últimos a renunciar ao acaso democriteano ao qual o
gradualismo se assemelha furiosamente... O acaso? Não é de modo nenhum
simples!”
(Rémy Chauvin, O Darwinismo ou o Fim de um Mito, Instituto Piaget, Lisboa, 1997, p. 34; via Humor Darwinista)
(Rémy Chauvin, O Darwinismo ou o Fim de um Mito, Instituto Piaget, Lisboa, 1997, p. 34; via Humor Darwinista)