Sempre houve guardadores do sábado no mundo. No Brasil não
foi diferente. Além de judeus fiéis ao quarto mandamento, possivelmente deve
ter havido um ou outro cristão que fazia o mesmo. Mas o primeiro converso ao
quarto mandamento, graças à leitura de literatura adventista do sétimo dia no
Brasil, foi Guilherme Belz. Belz nasceu na Pomerânia, em 1835. Veio para o
Brasil e estabeleceu-se na região de Braunchweig (hoje Gaspar Alto), a cerca de
18 quilômetros de Brusque, SC. Certa ocasião, ao voltar das compras na Vila de
Brusque, notou algo de especial em uma das mercadorias. O papel de embrulho
trazia um texto escrito em alemão, e tratava do assunto do sábado como dia de repouso (o papel de embrulho era,
na verdade, uma folha das revistas missionárias enviadas pela editora
adventista norte-americana ao Brasil, antes que qualquer missionário houvesse
pisado em nosso país). A leitura do impresso deixou Belz pensativo por várias
semanas, até que teve contato com o Comentário
Sobre o Livro de Daniel, de Uriah Smith, também enviado pela editora
adventista dos Estados Unidos e adquirido pelo irmão de Guilherme, Carl.
Nascido em uma família luterana, Guilherme tinha por hábito
ler a Bíblia, mas algo o intrigava: “Se apenas o sábado é mencionado nas
Escrituras, por que guardamos o domingo?” Sua mãe, Luise, e o pastor de sua
igreja desconversavam e, por isso, a dúvida teve que aguardar muitos anos e
muitos quilômetros de distância para ser respondida.
Belz investigou o assunto do sábado mais a fundo, comparando
com sua Bíblia o conteúdo do livro de Smith. Finalmente, convenceu-se da
santidade do sábado e de que a observância do domingo era, na verdade, apenas
uma “tradição humana”. Guilherme tinha então 54 anos e tornava-se, assim, o
primeiro a reconhecer, no Brasil, o sábado como dia do Senhor.
Guilherme convidou a esposa, Johanna, e os filhos mais novos
Guilherme, Elfride e Augusta para guardarem o primeiro sábado da vida deles. A
família Belz começou a observar o sétimo dia em 1890.
Michelson Borges