Alterações podem ser transmitidas |
“Os mecanismos biológicos que predispõem um feto ou um recém-nascido a contrair certa doença mais tarde durante a vida são complexos e dependem tanto de fatores genéticos quanto ambientais, durante os anos de formação”, diz Tomas Ekström, professor de biologia celular molecular. “Nesse estudo, nosso foco tem sido se a forma como o bebê nasce tem um impacto em nível celular na forma de alterações epigenéticas no DNA.”
Mudanças epigenéticas no DNA do núcleo celular ocorrem quando fatores ambientais afetam a forma como os genes são codificados sem alterar o código genético atual. Então, os genes podem ser ligados ou desligados para adaptar funções do organismo de acordo com as necessidades do ambiente. Hoje, nós sabemos que substâncias tóxicas na dieta podem causar mudanças epigenéticas, que em alguns casos podem ser passadas até mesmo para a próxima geração.
No estudo corrente, publicado na Revista [científica] Americana de Obstetrícia e Ginecologia, os pesquisadores investigaram alterações epigenéticas em células-tronco do sangue do cordão-umbilical. Finalmente, os DNAs de 12 crianças (seis cirurgias cesarianas) foram analisados para determinar o estado de nível genômico e específico. O resultado mostrou diferenças epigenéticas específicas entre os grupos em quase 350 regiões do DNA, incluindo genes que são conhecidamente envolvidos em processos de controle do metabolismo e sistema imunológico.
“Durante o parto normal, o feto é exposto a um nível aumentado de stress, o que de uma forma positiva irá preparar o bebê para a vida fora do útero”, diz Mikael Norman, pediatra e professor de neonatalogia. “Essa ativação do sistema de defesa do feto não ocorre quando uma cirurgia cesariana é feita antes que o trabalho de parto inicie, o que pode ser uma possível causa para as diferenças entre os grupos.
Com
esse novo estudo, os pesquisadores esperam adicionar um importante conhecimento
para futuro entendimento de como a cirurgia cesariana pode impactar a expressão
genética em células-tronco do sangue e a função do sistema imunológico em
relação à saúde e doença, mais tarde na vida. Todavia, eles também apontam que
ainda é desconhecido se as diferenças que foram encontradas nos bebês estudados
permanecem durante períodos mais longos de tempo, e então teriam impacto no risco
de doenças futuras. Mais pesquisas precisam ser conduzidas dentro desse campo.
Comentário do leitor Alexsander Silva: “Esse estudo mostra realmente a grande influência de fatores não genéticos
na alteração do DNA. E, impressionantemente, trata-se daquilo mesmo que Ellen
White escreveu sobre as influências pré-natais! O uso de substâncias tóxicas
pode alterar os genes, e essas alterações podem ser transmitidas aos descendentes!
Isso tem implicações incríveis ao comprovar o que White falou sobre esse
assunto há mais de 100 anos, e também mostrar como pode operar os mecanismos de
‘microevolução’, reforçando a ideia de que a especiação ocorre por ‘ligar e
desligar’ os genes, adaptando as espécies ao ambiente, mas sem acréscimo de informação ao DNA (pois a única fonte produtora de
informação no universo conhecido é a inteligência).”