Quem
tem filhos sabe que as crianças são ainda mais adeptas à tecnologia do que os
adultos. Elas amam a internet e sabem que esse mundo é capaz de proporcionar
muitas maravilhas, de joguinhos a videoclipes de suas bandas e desenhos
favoritos. O que elas não sabem é como evitar vírus, cuidar da sua privacidade online, se comportar adequadamente em
redes sociais, entre milhões de outros fatores que podem levantar questões de
segurança. São os pais que têm que ensinar isso a elas. Confira seis dicas de
especialistas em segurança para ensinar seus filhos a serem cidadãos
responsáveis da internet:
1. Comece a discutir a
segurança online em uma idade precoce.
“Acho que uma das coisas fundamentais é iniciar o processo de discussão de
segurança online com seus filhos em
tenra idade, quando eles começarem a usar a internet”, diz David Emm,
pesquisador sênior de segurança da empresa Kaspersky Lab Internet. Se eles ainda
estiverem usando o computador com você, em vez de forma independente, isso
oferece uma oportunidade para destacar o fato de que o mundo online é paralelo ao mundo real e que há
coisas seguras e inseguras por lá. Você pode discutir assuntos como senhas e
instalar softwares de proteção contra
vírus. “À medida que [seus filhos] envelhecem e começam a fazer as coisas de
forma independente, amplie o círculo. Por exemplo, ajude-os a criar uma senha
sensata e explique por que eles devem usar senhas diferentes para cada conta e
as possíveis consequências de não fazer isso”, explica Emm.
2. Não faça online o que não faria off-line.
“O conselho que eu dou a minha própria família e amigos é: ‘Se você não faria
cara-a-cara, não faça online’”, diz
Shelagh McManus, advogada de segurança online
para o software de segurança Norton by Symantec. “Por exemplo, você iria até um
completo estranho e iniciaria uma conversa? Seria abusivo com amigos ou
desconhecidos em um pub ou bar?”, explica. Explique aos seus filhos que, uma
vez que eles tenham escrito algo online,
não podem excluí-lo. É bom lembrar às crianças que tudo o que elas fazem na web
é capturado para sempre e pode atrapalhá-las um dia. Muitos empregadores, por
exemplo, “fuçam” perfis de mídia social ao pesquisar candidatos para empregos. Pode
ser uma boa ideia ser amigo dos seus filhos em redes como Facebook, Instagram,
Twitter, etc. Se eles pensarem em postar uma foto ou um comentário que acham
que seus pais não deveriam ver, então é algo que provavelmente não pertence ao
domínio público e eles serão menos propensos a compartilhar essa informação.
3. Cuidado com
estranhos também vale online.
Amichai Shulman, CTO da empresa de segurança de rede Imperva, costuma explicar
a seus filhos que hackers são um tipo
de criminoso que invade sua casa através do computador, em vez de através da
janela. “É fácil para eles entenderem isso”, afirma. Ele ensina suas crianças a
tomar cuidado com estranhos online
tanto quanto deveriam no mundo físico. Por exemplo, ele não permite que seus
filhos abram um e-mail se eles não souberem quem o enviou, da mesma maneira que
eles não aceitariam um presente de um estranho. Vale também lembrar que muitas
vezes crianças aceitam pedidos de contatos de pessoas que não conhecem porque o
número de amigos em redes sociais se tornou uma espécie de “concurso de
popularidade”. Pessoas que não têm boas intenções sabem disso e tentam se
infiltrar dessa maneira no círculo íntimo das crianças e adolescentes. É bom
lembrar aos seus filhos que eles não devem aceitar pedidos de amizade de
estranhos em redes sociais.
Ainda,
os pais podem explicar aos seus filhos o que é conteúdo impróprio e que na web
também existem pessoas más. “Da mesma forma que, uma geração atrás, fomos
informados para gritar alto quando éramos abordados por um desconhecido, nós
dizemos às nossas meninas para nos contar imediatamente de qualquer abordagem online”, diz Dave King, executivo-chefe
da empresa de gestão de reputação online
Digitalis.
Do
mesmo jeito que você conversa com seu filho sobre bullying, pode falar de bullying
online (ou trolling), ou de
pedófilos no mundo virtual. “Em última análise, queremos manter a inocência
delas, mas se antes tínhamos que ter crianças que sabiam se virar na rua, agora
precisamos de crianças que saibam se virar na internet”, argumenta King.
4. Comunicação é chave.
“Eu falo com a minha filha regularmente sobre quais sites ela está usando e,
dada a sua idade, eu pessoalmente veto todos os downloads de aplicativos. Desaa forma, eu posso fazer um julgamento
sobre se acho que ele é seguro e apropriado para ela usar primeiro”, diz
Samantha Humphries-Swift, gerente de produto da empresa de cibersegurança
McAfee Labs. A comunicação é fundamental – seja aberto, acessível e
compreensivo com seus filhos, para que se torne mais fácil para eles vir até
você e pedir conselhos ou perguntar sobre algo que eles acharam estranho. Caso
vocês tenham um bom diálogo, é provável que seu filho lhe pergunte primeiro
antes de abrir um chat com um
desconhecido, por exemplo.
5. Esteja junto com
seus filhos quando eles usam a internet, ou os monitore de longe.
Muitos pais não querem ser “espiões” nem ficar “fuçando” nas coisas dos filhos,
o que é ok. Outros não podem estar sempre junto quando as crianças estão na
internet, o que é normal também. Proibi-los de usar o computador na sua
ausência não é uma boa ideia porque, no geral, proibido é mais gostoso. Sendo
assim, peça para ver os dispositivos móveis dos seus filhos de vez em quando.
Ou esteja por perto, vez ou outra, quando eles estiverem navegando a internet.
Vale a pena dar uma olhada em quais aplicativos estão instalados no seu celular
e, caso não esteja familiarizado com algum deles, faça uma investigação. Dessa
forma, você pelo menos conhece os tipos de serviços de mídia social que seu
filho está usando e para que servem.
6. Ensine seus filhos
como evitar os principais problemas de segurança online. Não custa explicar aos seus filhos
coisas como “sites podem te redirecionar para outros sites sem que você esteja
consciente”, “não baixe aplicativos que você não sabe para que servem”, “baixar
arquivos online traz um risco de
vírus, use o software antivírus
primeiro”, “não compartilhe informações pessoais, como telefone, através da
internet, a não ser que você saiba que aquele compartilhamento é privado”, etc.
Outra
dica é: para educar, é preciso aprender. Se você não sabe, aprenda primeiro,
depois passe a informação a seus filhos.
“Não
entregue qualquer dispositivo conectado à internet a seus filhos antes de saber
como ele funciona. Eu conheci pais que não estavam cientes de que um iPod podia
se conectar à internet, deram um a seu filho de 10 anos de idade que, em
seguida, conseguiu compartilhar um vídeo da filha de seu vizinho de biquíni. Os
vizinhos ficaram, com razão, chateados”, explica François Amigorena,
executivo-chefe da empresa de software
IS Decisions.