Participante contempla o Canyon |
Centenas
de professores adventistas fizeram uma expedição de campo ao Grand Canyon durante
todo o dia 20 – e agora tenho uma aula de ciências em primeira mão sobre por
que o dilúvio bíblico, em vez de um processo geológico que dura bilhões anos,
criou o sítio impressionante no estado americano do Arizona. Mais de 400
pessoas saíram de ônibus de St. George, Utah, na quarta-feira, para uma viagem
de três horas para o Grand Canyon. O passeio foi parte da Conferência
Internacional de dez dias sobre a Bíblia e a Ciência [confira],
que começou na sexta-feira, 15, e contou com a presença de líderes
criacionistas adventistas e não adventistas. A conferência, patrocinada pela Igreja
Adventista do Sétimo Dia, tem como objetivo reforçar a fé dos educadores
adventistas e equipá-los com a mais recentes evidências científicas que suportam
os ensinamentos da Bíblia de que Deus criou a vida na Terra em seis dias
literais, há cerca de seis mil anos. Com esse objetivo em mente, os
organizadores decidiram realizar a conferência perto do Grand Canyon, para que
os participantes pudessem ter uma visão em primeira mão de um sítio usado por
criacionistas e não criacionistas, para justificar suas posições sobre a idade
da Terra.
“Este
é um lugar em que você pode ver uma paisagem dramática, que é o resultado do
que aconteceu na inundação”, disse Leonard Brand, paleontólogo adventista que
estudou o Grand Canyon por quatro décadas e atuou como um guia turístico. “Podemos
compreender melhor as origens do Grand Canyon dessa forma”, disse ele. “Não
existem boas explicações, se não entendermos nesse contexto.”
Os
não criacionistas e os criacionistas concordam em dois pontos gerais sobre o
Grand Canyon: foi corroído pela água, e se formou porque a área circundante se
ergueu para formar uma montanha larga ou um planalto. Mas não criacionistas
dizem que foi o rio Colorado que esculpiu os 277 quilômetros de extensão do Grand
Canyon, ao longo de milhões de anos. Eles dizem que as faixas vermelhas,
amarelas e marrons expostas na rocha, e que medem cerca de um quilômetro de
profundidade, revelam um registro longo da história da Terra, e que cada camada
de rocha representa milhões de anos.
Brand,
que é professor na Universidade de Loma Linda, ofereceu cinco razões para a interpretação
criacionista de que o Canyon é o resultado de uma inundação que devastou o
mundo cerca de cinco mil anos atrás.
1. Rio x dilúvio.
“Como o Grand Canyon foi esculpido?” Brand, segurando um microfone no banco da
frente do Tour Bus nº 7, perguntou a um grupo de 43 participantes, à medida que
se aproximava do Canyon: “Qual foi a fonte de água para toda a erosão?” Ele
disse que viu problemas com a visão popular de que o rio Colorado poderia ter
formado o Canyon. Disse também que muitos cientistas acreditam que o Canyon foi
criado ao longo de um período relativamente curto de 17 mil anos. Mas até mesmo
em 100 milhões de anos dificilmente haveria tempo suficiente para que o rio
realmente realizasse a tarefa gigantesca.
“Pensamos
que a melhor explicação é que o Canyon foi esculpido pelo dilúvio: a enorme
quantidade de água que cobriu toda a área e se deslocou rapidamente, escavando
o Canyon muito rapidamente”, Brand explicou em uma entrevista durante o passeio.
“Isso parece mais promissor do que todas aquelas teorias sobre como um rio
esculpiu gradualmente ao longo de milhões de anos.”
2. O que criou os cânions
laterais? Outra característica do Grand Canyon que é
intrigante para as teorias não criacionistas envolve muitas gargantas laterais,
que se projetam para fora do cânion principal, disse Brand. A maioria desses cânions
laterais não tem uma fonte de água para causar sua erosão, levantando questões
sobre como eles foram formados. “Mais uma vez, isso é mais fácil de explicar se
você tem uma enorme quantidade de água que flui sobre o Canyon esculpindo-o”,
disse Brand.
Reforçando
essa teoria, os cientistas reproduziram a forma do Grand Canyon em experimentos
de laboratório, cobrindo uma grande área com água e, em seguida, baixando o
nível da água, como se a água escorresse, “cortando formas em garganta, como
vemos no Arizona”, disse ele.
3. O enigma do Arenito Coconino.
As camadas de rocha no Grand Canyon, que muitos cientistas dizem que
representam milhões de anos da história da Terra, também contêm evidências
contraditórias, disse Brand. Os não criacionistas dizem que um deserto de areia
cobria a área do Grand Canyon, e uma camada do Arenito Coconino é o que resta
das dunas do deserto, uma vez soprado pelo vento. Mas o Arenito Coconino contém
fósseis de animais nas camadas, e as pesquisas mostram que só poderia ter sido
formado por animais que estavam andando debaixo d’água, não sobre a areia
levada pelo vento, disse Brand, que realizou estudos aprofundados nas trilhas e
apresentou suas descobertas numa palestra durante a conferência. “As pegadas de
animais são mais bem explicadas como tendo sido feitas debaixo d’água, como
seria no dilúvio do Gênesis”, disse ele.
4. Pacote de fóssil calcário.
Abaixo, no Grand Canyon, há outra formação rochosa curiosa: uma camada de
metros de espessura de pedra calcária com muitos nautilóides, as cascas duras
de um antigo animal extinto relacionado com lulas. Um fluxo maciço de água e
sedimento parece ser a única maneira de explicar como uma grande camada de
nautilóides teria se acumulado em uma camada, e se espalhou por várias centenas
de quilômetros. “Não pode haver acúmulo de fósseis em uma camada através de um
processo lento, durante longos períodos de tempo”, disse Brand. “Isso tem que
ser uma camada que foi inundada de uma vez e de forma bastante rápida.”
5. Camadas de rocha uniformes. Formações rochosas do Grand Canyon, que cobrem milhares e, às vezes, centenas de milhares de quilômetros quadrados, representam a quinta evidência apontanda para uma inundação catastrófica, disse Brand. “Você tem uma camada de arenito que é uniforme ao longo de milhares de quilômetros quadrados”, explicou. “Em nenhum lugar da Terra você pode ver sedimento sendo depositado dessa forma em rios ou lagos hoje. Então, o que aconteceu no passado é muito diferente do que está acontecendo agora”, disse ele. “É preciso um processo geológico especial para explicá-lo, e a inundação é uma excelente maneira de explicá-lo.” [...]
“Minha
impressão do Grand Canyon é de admiração”, disse Urias Echterhoff Takatohi,
professor de Física do Centro Universitário Adventista de São Paulo, Brasil. Essa
foi sua segunda visita ao Canyon, mas ele disse que não estava menos
impressionado do que na primeira vez, também durante uma viagem organizada pela
igreja. [...]