Dr. Eberlin, em visita ao CERN |
Nesta semana, participei do 20º
Congresso Internacional de Espectrometria de Massas. Para um brasileiro, um
grande privilégio, pois, como presidente da Sociedade, tive pela segunda vez,
como em Kyoto, no Japão, o privilegio de presidir o congresso. No programa,
tivemos uma visita ao CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), em Genebra,
na Suíça, que ficou ainda mais famoso por ter sido feita nele a descoberta
da “partícula de Deus”, o bóson de Higgs. Foi uma visita espetacular e, ao mesmo tempo,
chocante. Tivemos uma palestra com um dos diretores do centro. Falaram então
que o big bang formou o Universo, mas que a energia, ao se transformar em
matéria, formou a matéria e a antimatéria, da mesma forma que as colisões lá no
CERN também formam, matéria e antimatéria, mas que, pasme, a metade do Universo
que o big bang deveria ter formado simplesmente “desapareceu”. Veja bem! Pode,
gente?
Cientistas anunciaram que descobriram
a origem do Universo e aí apresentam um modelo que deveria formar duas coisas,
mas que a gente só observa uma, e que a outra simplesmente sumiu? Será que
eu, como cientista, posso falar, por exemplo, que identifiquei uma molécula como
sendo cocaína, e aí o juiz me pergunta como, e eu digo que detectei só metade
da molécula e que a outra metade simplesmente desapareceu do meu
espectro? Ele vai acreditar e pôr o bandido na cadeia? Que a massa da
molécula deveria ser 300, mas eu detectei 150 e a outra metade sei lá para onde
foi, mas que é cocaína, sim?
Pior: aí falaram que entendemos
somente 4% do Universo e que 96% de sua energia são desconhecidos. Uma vergonha
(what a shame), o palestrante disse.
E – pior ainda – aí veio a pior enganação, pois foi dito que após a grande
explosão e o desaparecimento mágico de metade do Universo, a maior mágica:
a formação do hidrogênio e do hélio, e que, pasme de novo, a “gravidade”
foi que atraiu o H2 e o Hélio para formar estrelas. Mas que absurdo, gente! Bem
ali na minha frente foi dito um absurdo desse! Posso não ser físico e não
entender tão bem de matéria e antimatéria – que até entendo um pouco –, mas
quanto à estrela eu sei bem que isso é pura ilusão. Gravidade mantém, mas não
forma estrelas. Gravidade só pode ser invocada em cosmologia, mas em química
temos que usar forças eletromagnéticas, se quisermos atrair moléculas e átomos.
E, como eu discuto com detalhes no Fomos Planejados, não existe força neste Universo capaz de tornar em
estrela uma nuvem gasosa de hidrogênio e hélio em expansão. Impossível. Tente
comprimir gás e você verá que a pressão aumenta e ele escapa. Como cientistas
podem falar uma inverdade dessas?
Ou seja, além do milagre do
desaparecimento da antimatéria, uma benção sem igual, pois senão o Universo
colapsaria em si mesmo – eta, santo bom, milagroso e poderoso! –, temos outros
grandes e enormes milagres; uma cascata deles, que acontecem por todo o Universo,
de forças misteriosas que comprimem gases para formar estrelas. E mesmo que
formadas, essa estrelas que explodiram no estágio de supernovas teriam
espalhado um sem numero de buracões negros pelo Universo que, como a antimatéria
também, simplesmente... desapareceram! Mais milagres sem santo!
Aí tem outro problema que eles nem
sequer comentaram, e eu como visitante fui educado em não perguntar: mesmo que
estrelas milagrosamente se formassem e supernovas explodissem, o que elas
formariam? Um puff cósmico fofo e
poeirento que só... que jamais formaria os planetas rochosos incandescentes, a Terra.
Sem falar de onde teria vindo a água e tudo o mais.
Ou seja, eu estava 99% convencido de que
a ciência não tem a menor ideia de como este Universo foi formado. Hoje estou 110% convencido, racionalmente
esclarecido. Pois não tenho essa fé, fé em milagres seguidos, múltiplos;
milagres sem santo. E fui ao CERNe da questão para ter essa certeza.