Alta produção de dopamina |
Há
muito tempo se fala nos males e nos benefícios que os games podem [trazer aos] jovens. Agora, um artigo publicado pela
revista Neurology Now revela alguns
dados que mostram que os games podem
afetar, sim, a mente dos adolescentes, seja de forma benéfica ou não. Segundo o
artigo, o contato excessivo com jogos eletrônicos pode causar mudanças no
comportamento dos adolescentes. O texto faz relação com a dopamina, um
neurotransmissor ligado diretamente à dependência em jogos, inclusive os
eletrônicos. Em estudos, o excesso de produção de dopamina pelo cérebro se
mostrou alto o suficiente para quase desativar o córtex pré-frontal, a região
do cérebro ligada à tomada de decisões, julgamentos e autocontrole. Isso faz
com que os jogadores percam um pouco da noção de tempo, deixando de lado outras
tarefas, como estudos ou trabalho. Como essa região do cérebro só estará
completamente formada quando a pessoa tiver entre 25 e 30 anos, esse tipo de
problema é ainda mais preocupante nos jovens.
Já
relatamos aqui alguns casos de pessoas que não conseguiram sair da frente da
tela e acabaram até mesmo morrendo por
causa disso, depois de passar vários dias sem se desligar do mundo virtual. A
dopamina é um estimulante e, segundo o Dr. David Greenfield, fundador do Centro
de Dependência de Tecnologia e Internet, a estrutura de recompensa dos games é similar à de uma máquina
caça-níqueis: o jogador insiste para bater um recorde, matar um inimigo muito
difícil ou encontrar um item raro em um RPG, sem saber exatamente quando (e se)
vai conseguir atingir esses objetivos. Isso faz com que o cérebro produza muito
mais dopamina enquanto a pessoa joga, levando a uma produção menor em outras
situações e causando um desequilíbrio.
De
acordo com a neurologista Judy Willis, o modo como os jogos eletrônicos
funcionam é genial. Eles alimentam o cérebro com informações em um modo em que
o aprendizado é maximizado. Contudo, a maneira como os jogos “recompensam” os
jogadores é justamente o que pode causar mudanças no cérebro, tanto positiva
quanto negativamente.
É
claro que esses efeitos são diferentes de pessoa para pessoa. Assim como a
alimentação, a produção de dopamina e os efeitos de games diferentes têm resultados divergentes em indivíduos
específicos, por exemplo: alguns jovens podem se tornar mais dependentes que
outros, assim como jogos de ação podem melhorar mais ou menos a capacidade
visual e o reflexo de outros.
Quais
os sinais de alguém que pode estar “viciado” em jogos eletrônicos? Somente um
especialista capacitado pode diagnosticar esse tipo de problema, mas existem
alguns sintomas comuns que devem ser considerados e que podem indicar um
problema. Veja:
Passa
muito tempo no computador ou videogame.
Entra
na defensiva quando confrontado sobre o problema.
Perde
a noção do tempo.
Prefere
passar mais tempo nos jogos que com amigos e familiares.
Perde
o interesse em atividades que antes eram importantes.
Torna-se
socialmente isolado, irritável ou rabugento.
Estabelece
uma nova vida social, apenas com amigos online.
Negligencia
trabalhos escolares e sofre para conseguir boas notas na escola.
Gasta
dinheiro em atividades inexplicáveis.
Tenta
esconder que passou algum tempo jogando.
Apesar
disso, alguns especialistas dizem que é difícil definir algo como “vício em
jogos”. Enquanto uns creem que isso pode ser um transtorno de ordem
psicológica, outros acreditam que é apenas parte de outros problemas de ordem
psicológica. Ainda assim, eles concordam que os jogos possuem características
viciantes, que são a gratificação instantânea, ritmo acelerado e
imprevisibilidade. Tudo o que caracteriza uma dependência está presente nos jogos
eletrônicos.
A
Dra. Judy Willis acredita que não se deve proibir os jovens de jogar videogames,
mesmo que eles possam causar problemas. Isso porque eles também podem trazer
benefícios. Desse modo, ela recomenda que os pais tenham alguns cuidados com o
modo com os quais seus filhos jogam.
Ela
diz que o ideal não é recriminar os jogos, mas, sim, ter um relacionamento
saudável com eles. Além disso, garantir que seus filhos tenham contato com
outras atividades além dos games e
evitem os excessos. [Evidentemente que, se você é um cristão seguidor da
Bíblia, proibirá seus filhos de jogar games
de conteúdo violento, erótico e espiritualista/ocultista, assim como deveria
proibir filmes dessa natureza – e também não jogá-los/assisti-los, claro.]
Para
isso é preciso prestar muita atenção no modo como seus filhos se comportam. Uma
dica é colocar videogames,
computadores e outros eletrônicos em áreas comuns da casa, locais que possam
ser monitorados mais facilmente. Além disso, os pais também devem estabelecer limites
de tempo para os jogos, já que jovens têm certa dificuldade em estabelecer
isso.
A
Dra. Willis também recomenda aos pais conversar e se envolver nas atividades
dos filhos desde cedo, seja fora de casa ou nos jogos. Dividir as experiências
com os filhos pode ser uma forma saudável de evitar os problemas.
Os
videogames são uma ótima ferramenta
de aprendizado. Estudos já demonstraram que os jogos eletrônicos podem
estimular certas habilidades no cérebro. O ato de aprendizado envolve a
repetição de certas atividades por um período de tempo, e fazer isso nos jogos
leva o cérebro a criar novas conexões nervosas ligadas à atividade específica.
Um
exemplo disso são alguns games de
estratégia em que os jogadores são obrigados a tomar decisões de curto, médio e
longo prazo – tudo ao mesmo tempo. Isso estimula o cérebro a ter mais
facilidade na tomada de decisões e na realização de múltiplas tarefas ao mesmo
tempo. Contudo, esse tipo de estímulo precisa de equilíbrio. Estimular apenas
esse tipo de atividade pode fazer com que os jovens tenham dificuldade em se
concentrar em apenas uma coisa, como estudos ou leitura, por exemplo.
(Tecmundo)