“Olá,
Michelson. Meu nome é Kaleb de Carvalho, sou artista gráfico e este é um e-mail
de agradecimento. Sou da quarta geração de adventistas pelo lado do meu pai e a
terceira, por parte da minha mãe. Fui criado nos princípios e no estilo de vida
adventista. Estudei do ensino infantil até praticamente toda a faculdade em
colégios adventistas. Enfim, essa sempre foi a minha cultura. No fim da
adolescência, por volta dos 19 anos, teve início um conflito interno, o que me
deixou por vezes ‘doente’ e em estado depressivo. A ‘arte da dúvida’ começou a
tomar conta da minha vida, de início com certo ceticismo que foi, muitas vezes,
beirando o ateísmo. Nunca me expus muito em relação a isso, apesar de por
alguns anos ter praticamente certeza de que tudo aquilo que cresci aprendendo
era mentira. Nunca quis servir de pedra de tropeço para ninguém. E princípios cristãos
não me permitiam falar mal do cristianismo. Minha criação (feliz) não me
permitia falar mal da instituição que agora não mais me atraía.
“Minha
vontade era parar de pensar; era ser um ‘crédulo’. Se eu tivesse controle da
minha mente apertaria o botão ‘Crer em Deus mesmo sabendo que Ele não existe’.
Não queria deixar esse estilo de vida, mas o simples sentar no banco da igreja
me fazia sentir um hipócrita, e quando alguém conversava comigo assuntos
doutrinários ou de fé, dava um jeito de desconversar, porque nada daquilo fazia
sentido. E nessa época o que mais eu me deparava era com ‘produtos racionalistas’,
desde artigos, até colegas ateus. Tudo isso me rodeava todos os dias.
“Enfim, por uns quatro ou cinco anos, vivi esse conflito desgastante e triste. Foi então que em meio às minhas pesquisas e estudos naturalistas, vi que algumas coisas não eram tão claras assim, ou não tão racionais assim, e comecei aos poucos a redescobrir estudos e pessoas que tinham estado na minha frente a vida toda. Comecei a ler materiais dos professores Nahor Neves, Rodrigo Silva, Leandro Quadros, os seus, entre outros. Comecei a consumir exaustivamente tudo, e enxergar uma racionalidade que estava à minha disposição o tempo todo.
“Conheci
a Sociedade Criacionista Brasileira, e nessa empolgação de estar encontrando
uma ‘novidade’, fui percebendo que dentro da minha casa eu tinha, por exemplo,
folhetos antigos do inicio da SCB. Fiquei triste porque estudei no Unasp com o professor
Nahor, e só fui admirá-lo depois. E o ponto máximo da ironia da minha vida foi
quando, sedento por conhecimento criacionista, assisti a todo o Seminário
Criacionista do Peru, e vi que uma das palestrantes, a Daniela Simonini, foi
minha professora na classe da Escola Sabatina dos adolescentes, em São José dos
Campos – aquela Escola Sabatina que até há pouco tempo eu via como
pseudoestudos ministrados por ignorantes ou pessoas academicamente simples.
“Reencontrei uma igreja infinitamente mais racional do que eu pensava; reencontrei um Deus que teve paciência com a minha ignorância, e que acreditou em mim, mesmo eu não acreditando nEle.