O deuses do átomo |
Se
você não é cristão e vai ao cinema ver o próximo filme dos X-Men, então até
entendo sua diversão, pois eu já fui adolescente e já li as revistas dos
mutantes no meu passado remoto, mas te digo que há coisas melhores. Porém, se
você é cristão, quero te convidar a refletir no universo desses personagens,
coisa que em algum momento eu fiz e cheguei a algumas conclusões.
Nos
anos 60, a mente criativa do roteirista de histórias em quadrinhos Stan Lee, criador
de personagens como Homem-Aranha, Homem de Ferro, Hulk e Quarteto Fantástico,
decidiu que era hora de criar todo um grupo de novos personagens. Devido às
leis daquela época, Lee e sua esposa foram impedidos de adotar uma criança
porque eram um casal de religiões diferentes, ele judeu e ela cristã. Em
entrevista para o History Channel, Stan Lee admitiu que essa experiência amarga
de preconceito serviu de inspiração para uma de suas maiores criações, os
X-Men.
Stan
Lee imaginou um grupo de heróis que, em vez de serem admirados eram odiados,
por puro preconceito. “O princípio fundamental de ‘X-Men’ era tentar
ser uma história contra a intolerância para mostrar que existe bem em todas as
pessoas”, disse Stan Lee.[1]
X-Men
promoveu um grande debate cultural num momento da América em que se discutiam
os direitos civis dos afro-americanos. No entanto, apesar de pregar tolerância
e paz, o enredo de X-Men apresentava um grupo de jovens com poderes especiais
que treinava para combater pela força outros mutantes ou mesmo humanos comuns.
Na trama das revistas dos X-Men, a crise social chega ao ponto em que o governo
homo sapiens cria robôs que caçam e
dominam os mutantes.
De
fato, os anos 60 tiveram grupos de vigilantes semelhantes aos X-Men que “combatiam”
a agressão à comunidade negra com a força: eram os Black Panthers, (Panteras
Negras). Só que não foi o movimento Pantera Negra que conquistou os direitos
civis nos EUA e, sim, o comovente, firme e pacífico protesto do pastor Martin
Luther King e sua revolução não violenta, seguindo a filosofia bíblica de “dar
a outra face” (Mt 5:39).
Tente
imaginar Wolverine dando a outra face e dizendo “ame os seus inimigos”...
Conseguiria Wolverine entender o que Jesus disse a Pedro, de que quem vive pela
espada morre pela espada? (Mt 26:51).
Mas
quando o debate do racismo começou a minguar, no fim dos anos 90, outro debate
sobre intolerância dominou o cenário. Em X-Men, a maneira como os pais reagem
quando descobrem que seus filhos são mutantes e os protestos civis
anti-mutantes lembram em muito os debates modernos sobre a questão homossexual.
X-Men
saiu dos gibis e desenhos infantis para as telas de cinema por meio de Bryan
Singer, que também dirigiu filmes como “Superman Returns”. Curiosamente,
segundo fontes de sites sobre cinema, Singer é gay assumido.[2]
“A história da Cura Mutante vista em ‘X-Men: O Confronto Final’, por sua
vez, foi elaborada por Joss Whedon nos quadrinhos, especificamente
para fazer referência às dificuldades vividas por homossexuais”.[3]
A
apologia moderna de X-Men ao homossexualismo nunca foi velada; até uma capa de
X-Men traz o casamento de dois mutantes gays.[4] Os
roteiristas chegaram a admitir que eles e Singer fizeram “referencias ao
universo gay”.[5]
Quando
X-Men se tornou sucesso graças a suas aventuras e efeitos especiais
arrebatadores, o resto do mundo e a mídia também caminhavam a passos largos na
defesa da chamada “causa gay”, e qualquer religioso ou grupo que não
aceite o COMPORTAMENTO homossexual, foi tachado de “preconceituoso”, invertendo
a “gangorra da opinião pública” e aplicando o rótulo de homofóbico e
preconceituoso à defesa do velho modelo bíblico de casamento e família.
Na
verdade, “Mundo de X-Men” tem até mesmo um personagem que aparentemente é um
reflexo dos evangélicos conservadores, o fictício senador Kelly,
mostrado como ignorante e intolerante.
No
campo teológico, X-Men é cheio de contextos e quadros escatológicos, como leis
e decretos, cadastramento de mutantes, perseguição pelos “sentinelas” e títulos
como “Complexo de messias”, “Dias de um futuro esquecido” e “A era do Apocalipse”.
Seus personagens curiosamente invertem conceitos bíblicos. Apocalipse, na
Bíblia, é o livro da revelação de Jesus Cristo sobre como Ele salvará a igreja;
mas Apocalipse, nos X-Men, é o pior vilão que quer destruir e escravizar.
Entre
os mutantes há um homem com asas que é chamado de “Anjo”; um ser com
aparência sinistra chamado Noturno, mas que é bondoso (ah, como gostamos de
chamar o bem de mal e o mal de bem!); uma mulher chamada Mística, capaz de
mentir e se disfarçar de qualquer homem ou mulher; um herói chamado Gambit que,
na verdade, foi um ladrão; um estranho guerreiro que tem o nome de Bishop, que
significa Bispo. O professor Xavier e outros mutantes chamados “telepatas”
podem controlar mentes, quase que hipnotizar os demais, induzindo pensamentos e
emoções. Ele viola a consciência e o livre arbítrio das pessoas, mas nada
comparado a Jean Grey, que incorpora uma entidade chamada Fênix Negra. Muito
interessante, afinal, Fênix é um símbolo satanista clássico, e ela se comporta
como tal, ao destruir e matar. Jean literalmente é a médium que recebe essa
entidade!
Qual
é a origem dos poderes dos X-Men? Nunca se viu um X-Men orando ou pedindo
forças a Deus. Embora os X-Men sejam alegadamente de vários países e religiões,
isso para dar o ar de inclusão e tolerância, nenhum deles faz coisas
extraordinárias ou milagres em nome de Deus, pois isso não faz parte da
temática.
X-Men
não são chamados de filhos de Deus, eles são os filhos do átomo, pois a mutação
é ocasionada pela “evolução”.
Apesar
do clima de ciência, a mutante Tempestade é chamada nas revistas e desenhos de “bruxa
do tempo”. Ela vem de uma tribo africana onde se praticava bruxaria, que no
mundo X-Men é uma forma de mutação. Ela “convoca” os ventos e as chuvas, assim
como no xamanismo.
Por
falar em místicos, o maior vilão dos X-Men é Magneto, e ele tem dois filhos – Wanda
e Pietro –, sendo ela uma feiticeira que se veste de vermelho, e o segundo, um
velocista que adota o nome no Brasil de Mercúrio, o deus romano, mensageiro do
Olimpo, deus do comércio e dos ladrões. Magneto várias vezes se refere aos
mutantes como “deuses”, comparados aos comuns homo sapiens.
Magneto
era para ser vilão, mas você não consegue detestá-lo! Você sente empatia por
ele. Coitado! Um menino judeu, separado de seus pais, perseguido pelo
preconceito nazista. Magneto é claramente inspirado no próprio Stan Lee, que
também é judeu. No final, ele sempre parece acabar se unindo a Charles Xavier,
como Lee se unia ao desenhista Jack Kirby, com quem brigava muito, mas também
era amigo e foi co-criador dos X-Men.
Mas
nessa ficção, em que a evolução massacrou as doutrinas bíblicas da criação, do
pecado original, da redenção e da salvação, a humanidade segue evoluindo sem
elos intermediários, como Richard Dawkins sonharia em ver. X-Men evoluem aos
saltos, no despertar da adolescência, e o mais popular desses saltos evolutivos
é Wolverine. No enredo de X-Men, ele foi um mutante aperfeiçoado para ser um
assassino, mas se rebelou e se juntou aos “bonzinhos”. Mas que bom exemplo ele
é! Bebe, fuma seus charutos, bate em quem der vontade e se justifica dizendo
que é seu temperamento; é impaciente, arrogante e violento.
Wolverine
é o símbolo do anti-herói moderno. Ele se tornou tão popular em seus dramas e
personalidade de “durão”, que ganhou um filme solo em que é chamado de imortal,
título usado na Bíblia exclusivamente para Deus (1Tm 6:16).
Em
X-Men, o legal é ser mutante e ter algum “poder”, mas, na Bíblia, o ser mais
poderoso do Universo desejou assumir a simples forma humana, escolhendo não
usar Seus poderes e esvaziar-Se a Si mesmo (Fp 2:6-9). Jesus veio à Terra para
viver uma vida perfeita, não usando Seus poderes em benefício próprio e velando
Sua forma divina na simplicidade da carne humana do pregador de Nazaré. Fez das
Escrituras Seu único poder (Mt 4) e escolheu combater a intolerância com a
revolução não violenta de “dar a outra face” (Mt 5).
X-Men
é uma ficção concebida para divertir, mas cheia de ideologias e filosofias que
estão longe, a anos luz de distancia dos ensinos de Jesus. X-Men acerta na
palavra tolerância, mas em seu
conteúdo violento erra de forma grosseira seu alvo e contradiz o que pretende
defender.
E
quem venderia gibis e ingressos para o cinema com um super-herói que não usasse
poderes ou raios? O público quer a emoção da pancadaria, os efeitos especiais e
as emoções do suspense e da ficção! Me pergunto se uma mente aguçada por esses
estímulos sentirá prazer na calma, simples e doce mensagem dos Evangelhos?
Quanto a mim, eu tive que fazer uma escolha.
Jesus
não vende gibis. Sua teologia está drasticamente longe do mundo fictício de
X-Men, mas Sua mensagem, corretamente vivida e sem ser distorcida, ajudou
Gandhi e Luther King a vencerem o ódio, a intolerância e o preconceito.
Percebi
que a ficção banalizava a realidade dos milagres relatados na Bíblia. Desisti
dos gibis porque descobri que a Bíblia não pode ser rivalizada com “palha seca”.
Também comecei a descobrir a história por trás das estórias dos heróis dos
quadrinhos e do cinema.
O
cristão precisa de leitura da Bíblia e não de contos de gibis! Não acho que
você vai assistir X-Men e se tornar gay ou sair querendo atirar raios pelos
olhos, mas lembre-se de que as imagens semeiam pensamentos, e os pensamentos se
tornam opiniões, e elas geram ações.
Há
toda uma nova “espécie” na igreja que vai me achar retrógado e clichê. Vão à
igreja e durante os outros dias cultuam os “deuses do átomo”, pagam o “dízimo”
das salas de cinema e engrandecem mitos da imaginação humana que programam
gerações de jovens a aceitar uma agenda antibíblica. Esse novo tipo de cristão
pretende ter desenvolvido o superpoder de “filtrar” tudo o que assiste. Tais
cristãos se tornaram uma coisa estranha, com um pé no mundo e outro na igreja;
um tipo de ser mutante espiritual, um x-cristão.
(Ericson
Danese, Azimute)
Referências:
[1] http://cinepop.com.br/stan-lee-revela-que-criou-x-men-como-historia-contra-a-intolerancia-073050292
[2] http://siterg.terra.com.br/?news_tags=x-men
[3] http://cinepop.com.br/stan-lee-revela-que-criou-x-men-como-historia-contra-a-intolerancia-073050292
[4] http://omelete.uol.com.br/x-men/quadrinhos/x-men-edicao-com-casamento-gay-chega-ao-brasil/#.U5r0JF7v1Ud
[5] http://jovem.ig.com.br/oscuecas/noticia/2011/06/09/roteirista+de+x+men+primeira+classe+admite+referencias+ao+universo+gay+10437423.html