Estudos
recentes sugerem que o comportamento e os maus hábitos de futuros pais e mães
podem afetar a geração seguinte. Essa transferência de características
adquiridas para os descendentes pode ser explicada pela epigenética – campo de
estudo da genética que trata da variação de traços celulares e fisiológicos em
decorrência da ação de fatores ambientais externos, capazes de ativar ou
desativar a expressão de determinados genes. O
assunto será tema da próxima edição da revista Vida e Saúde, editada pela Casa
Publicadora Brasileira. Segundo o editorial, assinado pelo jornalista Michelson
Borges, editor da publicação, “as más escolhas na vida já seriam
suficientemente ruins se tivessem apenas consequências sobre nós mesmos, mas a
coisa pode ser ainda pior”.
Estudos apontam que algumas alterações epigenéticas
podem permanecer no indivíduo por toda a vida, embora grande parte delas seja
apagada quando os óvulos e o esperma são produzidos, para que o feto comece o
seu desenvolvimento como uma folha em branco. Algumas dessas alterações, porém,
acabam não sendo apagadas e podem ser transferidas para a próxima geração.
Uma
pesquisa realizada na Dinamarca, por exemplo, sugere que o peso de um homem
afeta as informações contidas nos espermatozoides, o que pode fazer com que os
filhos tenham propensão à obesidade. O autor da pesquisa, Romain Barres, afirma
que “quando uma mulher está grávida, precisa se cuidar. Mas, se as implicações
do estudo forem comprovadas, as recomendações devem ser dirigidas aos homens
também”.
Assim, pode-se afirmar que parte dos fatores aos quais estamos
expostos no dia a dia, tais como a dieta, a poluição atmosférica, o consumo de
drogas e a exposição aos pesticidas e fungicidas podem promover alterações
epigenéticas e consequentemente influenciar as gerações seguintes.
(Silaine
Bohry, ASN)