Aproveite as oportunidades |
Em
Orlando para fazer a cobertura de um importante evento de saúde da Igreja
Adventista, tive que tomar um táxi do aeroporto até o local do congresso. A
primeira pergunta que o taxista me fez, num inglês com sotaque, foi: “Você veio
passear ou trabalhar?” Disse a ele que vim participar de uma programação
relacionada com saúde e estilo de vida, promovida pela Igreja Adventista nos
Estados Unidos. Lancei a “isca” e esperei o resultado, que não demorou: “Você é
pastor?” Como ainda não sou e não quis multiplicar explicações, disse-lhe
apenas que sou jornalista e que vim para fazer reportagens para as revistas Vida e Saúde (da qual sou editor) e Revista Adventista. Falei-lhe sobre
essas revistas e sobre as editoras da igreja. Ele ficou interessado e me
perguntou mais sobre o adventismo. Quando eu disse que evitamos alimentos que
fazem mal, não ingerimos bebidas alcoólicas e não comemos certos tipos de
carne, como a de porco, ele manifestou surpresa: “Quer dizer que existem cristãos
que não comem porco e não bebem álcool? Por que vocês agem assim?”
Mais
perguntas vieram e expliquei ao homem que procuramos seguir a Bíblia em sua
totalidade, e que especialmente o Antigo Testamento traz recomendações
dietéticas importantes, corroboradas por pesquisas científicas. Foi então que
ele me disse que também não consome carne de porco, pois é muçulmano (o sotaque
diferente se deve ao fato de ser paquistanês). E ali estava uma “ponte” para
continuar a conversa.
Disse-lhe
que os adventistas também valorizam uma vida de devoção ao Criador; que somos
criacionistas, como os muçulmanos; temos em alta conta os patriarcas, como
Abraão; que guardamos o sábado, como eles, os patriarcas, faziam; e que
aguardamos a volta de Jesus, apresentado no Alcorão como Issa. Ele sorriu
quando soube que tenho e já li boas partes do livro sagrado dele.
Falamos,
depois, que, infelizmente, muitos cristãos e muçulmanos não vivem a fé que
professam ter. Ele me disse que muitos religiosos adoram mais o dinheiro do que
a Deus, no que concordei. E disse estar realmente surpreso de conhecer um cristão
adventista (pena que fui o primeiro, num país onde há tantos...).
Paguei
a viagem, despedi-me dele com um aperto de mão e uma bênção, e fiquei pensando
em algumas coisas: (1) infelizmente, de modo quase geral, o cristianismo que o
Ocidente apresenta não honra o nome de Jesus e serve até de empecilho para
apresentá-Lo aos muçulmanos, que acabam vendo esses cristãos nominais como
verdadeiros “pagãos”, devido ao seu estilo de vida; (2) quando nós,
adventistas, vivemos os ensinamentos bíblicos, chamamos a atenção de seguidores
do Islã e de judeus, também, afinal, temos vários elementos em comum; (3)
precisamos criar mais pontes entre nós e essas pessoas, e mostrar que o
verdadeiro cristianismo é atrativo, transformador e poderoso, pois segue um
Deus vivo cuja sepultura está vazia; um Deus que prometeu voltar e que ama a
todos, sem distinção.
Que
o Senhor nos ajude a aproveitar toda e qualquer oportunidade para falar dEle e
da razão da nossa esperança (2Pe 3:19).