A
capa do jornal Folha de S. Paulo de
hoje é um verdadeiro retrato deste mundo sem rumo, sem sentido e que se ilude
achando que vai durar muito tempo. É um raio x da realidade que nos cerca, com
pessoas se iludindo mergulhadas no puro hedonismo para tentar esquecer a
sensação de que o futuro não apresenta esperanças concretas; pessoas que só
pensam no aqui e agora porque têm dúvidas sobre o amanhã. Um mundo corrupto,
amante dos prazeres, violento, desigual – exatamente como as profecias bíblicas
o haviam descrito muito, muito tempo atrás. O nosso mundo que cambaleia para o
precipício.
No
centro da capa, a manchete sobre os desmandos dos políticos brasileiros anuncia
um novo ano com mais do mesmo. Acima e ao lado da manchete, a chamada “Festas
badaladas do litoral norte de São Paulo ignoram a crise”, e uma foto grande de
uma das tais festas que não apenas ignoram a crise, mas ignoram também a
decência e o fato de que há muita gente, neste exato momento, mendigando e
sofrendo exatamente por causa da crise que os festeiros ignoram. E essa crise é
causada não apenas pela roubalheira dos governantes e pela conjuntura
econômica; é causada também pela falta de solidariedade de uma sociedade em que
poucos têm muito e muitos têm pouco. Uma sociedade que adora ignorar realidades.
Na verdade, o brasileiro – e não apenas os hedonistas norte-paulistanos –
ignora muita coisa. Fã de novelas, de festas e dado a levar a vida na
brincadeira, ignora o fato de que não adianta xingar políticos enquanto os
cidadãos não fazem sua parte para ter uma nação mais honesta, igualitária, de
pessoas de bem e íntegras, não de homens e mulheres que só pensam em se dar bem
e se gabam quando conseguem “dar um jeitinho”, mesmo que à custa de valores, da
ética e da obediência às leis.
Logo
abaixo da festa e da manchete, a notícia com foto informa que “Vivência
sensorial na floresta e ioga na praia atraem turistas no Rio”. Na verdade, esse
tipo de religiosidade light e
pós-moderna atrai muita gente nos tempos de hoje. É uma religião que dispensa
compromissos, dispensa a entrega do coração e das vontades, dispensa o
arrependimento e o perdão, dispensa a tomada de consciência de que o mundo
precisa de cristãos comprometidos – dispensa Deus. Afinal, o ser humano é seu
próprio deus. O que ele sente é o mais importante. Se está satisfeito com a sua verdade, ótimo. É melhor fugir para
a floresta e abraçar as árvores do que se misturar ao povo e abraçar os
pecadores malcheirosos. É melhor tentar esvaziar a mente na meditação
transcendental do que encher o coração com as verdades absolutas da Bíblia
Sagrada que nos convidam à verdadeira mudança de vida e satisfazem o vazio da
alma.
E
fechando a capa emblemática, duas pequenas chamadas tristes, no pé da página: “Execução
de clérigo xiita pela Arábia Saudita gera tensão” e “Chacina em SP pode estar
ligada à morte de policial”. São notícias que insistem em estragar o clima de
festa e a ilusão da religiosidade new age
chique e perfumada. O mundo verdadeiro fede a sangue e pólvora. O mundo verdadeiro
insiste em jogar na nossa cara a realidade nua e crua de que o ser humano não
tem jeito sem Deus. Insiste em nos fazer enxergar que este planeta precisa da
intervenção do Criador; precisa que Jesus volte logo! E enquanto isso não
acontece, não adianta continuar escondendo a sujeira debaixo do tapete. Ela
continua lá e em todo lugar, clamando para ser removida, não ignorada.
A
foto gigante da festa com moças seminuas no topo da capa bem que tentou esconder as notícias
abaixo dela, mas não tem jeito...
Bem-vindo
2016!
Michelson Borges